No ABC, casos de dengue aumentam 551% em 2015

O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, fez estragos em 2015. As estatísticas de janeiro a dezembro do ano passado na região apontam que houve 7.394 novos casos da doença, o que representa um aumento de quase sete vezes se comparado com 2014, quando 1.136 pessoas foram infectadas. Com as chuvas de verão, o cenário é preocupante na visão do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).

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São Bernardo é a cidade com os dados mais assustadores. Sozinha, responde por quase 40% do total de casos autóctones (contraídos dentro do próprio município), com 2.826 infecções, seguida de Diadema, onde a doença atingiu 2.309 vítimas. Os casos importados também tiveram grande aumento. São Bernardo passou de 123 para 424 casos, enquanto Diadema saltou de 17 para 75.

Em terceiro lugar vem Santo André. Em 2015, o município somou 1.377 casos autóctones e 262 importados. Em 2014, foram 245 e 114, respectivamente. Com incidência bem menor, mas ainda em situação preocupante está Mauá. No ano retrasado, o município teve cinco casos autóctones e 51 importados. Em 2015, os dados saltaram para 521 casos de contração dentro da cidade e 310 vindos de outras regiões.

O quadro também é complicado em São Caetano e Ribeirão Pires. Na primeira, os casos autóctones tiveram aumento de 22 para 340, enquanto os importados foram de 43 para 342.

Em Ribeirão Pires, os autóctones somaram 21 e, em 2014, não houve registro de contaminação no município. Nos casos importados, houve crescimento: de 25 para 38.
A primeira morte na rede pública causada pelo Aedes aegypti na região ocorreu em Diadema, conforme foi noticiada pelo RD em abril do ano passado. Além dessa ocorrência, o ABC ainda contabilizou mais sete óbitos em 2015, sendo três em Santo André, dois em São Bernardo, um em Mauá e mais um em Diadema.

Hibernação

Segundo o diretor adjunto da CCZ, Reinaldo Alberto Perez, é muito comum os casos aumentarem com as chuvas de verão. A proliferação da doença não está no mosquito em si. O problema, explica, é que as larvas do inseto são resistentes e têm a habilidade de ficar em estado de hibernação por um longo período. “Os ovos do Aedes aegypti conseguem sobreviver até 400 dias sem água e a primeira água que cai onde o ovo está hospedado reinicia todo o processo evolutivo”, afirma.

Hoje, cerca de 80% dos casos de dengue são intradomiciliares e Perez explica que o aumento dos números da dengue se deve muito mais a questões culturais. “O mesmo cara que estaciona em vaga de deficiente é o que não toma os cuidados necessários com água parada”, diz.

Além do Aedes aegypti, a dengue pode ser transmitida pelo Aedes albopictus. Ambos picam durante o dia e noite e se proliferam em água parada. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, quem adquiriu uma vez a doença está imune ao sorotipo, porém, na região metropolitana há quatro sorotipos do mosquito.

Nesta quinta (7), o Consórcio Intermunicipal definiu ações em janeiro e fevereiro para combater o moquisto. A primeira, denominada tríplice fronteira, estará nos limites entre São Bernardo (Rudge Ramos, vila Vivaldi), Santo André (vila Palmares, Sacadura Cabral) e São Caetano (bairro Mauá, Santa Maria).

Zika vírus e chikungunya

Algumas cidades da região também apresentaram ocorrência de doenças transmitidas pelo mesmo transmissor da dengue. Em Santo André, foram três casos de recém-nascidos com microcefalia, problema causado pelo zika vírus. Dois deles ainda continuam em investigação no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para verificar possível infecção. O terceiro caso foi de malformação genética. Nos demais municípios não foi registrado caso de contaminação pelo zika vírus.

Sobre a febre chikungunya, as únicas suspeitas são de três casos em Ribeirão Pires, que ainda estão em fase de análise. Nenhum outro município apresentou registro de infecção. Rio Grande da Serra não forneceu informações até o fechamento desta edição.

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