Riso ajuda crianças com câncer

Com 11 anos, o projeto Big Riso se inspira em longa-metragem ( Foto: Paula Lopes)

Grupos que utilizam a alegria como ferramenta para suavizar o cotidiano de crianças que enfrentam a realidade do câncer estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Segundo pesquisa realizada pela ONG Doutores da Alegria, instituição que aplica a técnica em hospitais de São Paulo, Recife e Rio de Janeiro, as principais influências das organizações nacionais vêm de fora. São os grupos Clown Care Unit, dos Estados Unidos, o Le RireMédicin, da França, e o trabalho do americano Patch Adams, que ganhou grande repercussão a partir da publicação de seus livros e do filme O Amor É Contagioso, que conta sua trajetória.

No ABC, um dos programas voltados a crianças com câncer é o Big Riso, da Construtora MBigucci. Influenciada justamente pela história de Adams, que descobriu uma saída para os problemas pessoais no dom de ajudar os pequenos pacientes por meio do humor, a iniciativa consiste num grupo de palhaços que visita semanalmente três hospitais. Todo o trabalho tem foco nas crianças, e acontece no Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, no Hospital Estadual Mário Covas e na Fundação do ABC, ambas em Santo André.

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O programa nasceu em 2002, por um desejo da idealizadora e empresária, Roberta Bigucci, de transmitir a mensagem do filme O Amor É Contagioso. Na época, eram realizadas sessões de cinema na construtora MBigucci com objetivos, como motivar os funcionários. E a obra foi escolhida para uma das sessões. “Quando o filme acabou, me perguntaram qual era o objetivo daquela vez. E respondi que queria criar um grupo de palhaços de hospital”, conta.

Mas a boa ideia não bastou, e a trajetória foi longa. Os pioneiros do Big Riso não tinham experiência no trabalho com crianças doentes, então realizaram cursos e laboratórios até se sentirem preparados para a missão. Porém, quando quiseram iniciar as visitas, seguiram por dois anos na busca por hospitais que aceitassem o trabalho. “O problema estava nos direitos trabalhistas, achavam que, por visitarmos semanalmente, iríamos reivindicar privilégios”, explica. Em 2004, aconteceu o primeiro trabalho do grupo, no dia 8 de novembro, com autorização da Associação Voluntária de Combate ao Câncer (AVCC), na Fundação do ABC.

A experiência deu frutos. Em 2006, após dois anos de trabalho, Roberta conseguiu, por meio de uma carta, informar Patch Adams sobre o Big Riso e sobre a inspiração no filme. O americano se impressionou com o projeto e convidou Roberta para o Annual Russia Clown Tour with Patch Adams, encontro realizado anualmente na Rússia, com palhaços de todo o mundo para visitas em hospitais, orfanatos e casas de repouso. Bigucci aceitou o convite em 2008, e foi em um orfanato russo de crianças cegas e surdas. A visita marcou. “Quando consegui um sorriso de um menino que vivia no próprio mundo, através somente do toque, soube que devia continuar sempre”, conta.
 
Palhaços favorecem tratamento

A iniciativa é benéfica. Segundo Paola EtienneSciena, hematologista pediatra do Hospital Mário Covas, em Santo André, que acompanha o trabalho realizado pelos voluntários do Big Riso, as visitas tornam o ambiente hospitalar mais leve, para a criança e os familiares. “Os palhaços fazem com que a interação entre o paciente e sua família e a equipe hospitalar se torne mais fácil”, diz. Para a médica, o trabalho cria uma saída para os problemas e complicações trazidas pelas doenças. “A alegria estimula uma recuperação mais rápida”, explica Paola. (AM)

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