Espetáculo Meio Sem Fim terá apresentação até domingo

Acompanhada por Cláudia Müller e Flora Mariah, a carioca Ivana Menna Barreto apresenta Meio Sem Fim no Sesc Belenzinho, nesta sexta-feira, 27, e sábado, 28, às 21h30, e domingo, 1º, às 18h30. Não é à toa que o nome do espetáculo remete ao do livro que Agamben escreveu em 1996, traduzido para o português em 2005. Essa referência comunga com o interesse de Ivana em investigar meios que sejam e consigam permanecer modos de criar – o que chama de “criação continuada”.

Meio Sem Fim é uma nova etapa do solo que estreou em 2011, nascido da pergunta que então se fazia, e que compartilhou com 45 pessoas, em lugares como Dinamarca, Estados Unidos, Holanda, França e Brasil: sem o que você não pode viver? Ela vinha de um acontecimento extremamente importante na sua vida: no início de 2010, Fred Pinheiro, fundador da associação cultural Nós do Morro, com quem estava casada havia 22 anos, foi assassinado.

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Com este solo, Sem o Que Você Não Pode Viver?, que se liga a seu doutorado (Autorias em rede, Modos de produção e implicações políticas), comemorou 25 anos de carreira. Das conversas com o público, ao final das apresentações, apareceu a necessidade de continuá-lo. Foi fazer uma residência de criação em Paris, entre janeiro e março de 2013, contemplada pelo Programa de Residências Institut Français/Cité Internationale des Arts, com apoio do Centre National de la Danse – CND – e lá reencontrou Lila Greene, sua ex-professora na década de 1980. Produziram juntas o primeiro resultado de Meio Sem Fim, que também já recebeu as intervenções de André Masseno, do fotógrafo João Penoni e do videomaker Theo Dubeux, cujo videodocumentário será apresentado antes do espetáculo.

“Depende muito de quem está participando, mas o que venho notando é que a minha maneira de fazer o solo de 2011 está mudando não apenas porque tenho mais intimidade, depois de fazê-lo tanto, mas sobretudo porque ele agora está agregado da memória que vem dos outros. Enquanto estou fazendo, lido com os materiais que vieram do que os outros fizeram. Quero poder deixá-los ali e poder voltar, e penso que, aos poucos, vai se tornar um trabalho para outros continuarem”, diz Ivana.

A plateia se distribui por 40 cadeiras dispostas em um retângulo, e todos se veem: “A luz é a mesma, tanto para nós, que dançamos, quanto para quem assiste, como se estivéssemos em uma sala, remetendo aos ambientes em que fiz as entrevistas que inspiraram o solo”.

Ivana prepara um novo trabalho, chamado Agora, no qual vai explorar a sua relação com o Rio, sua cidade. “A pergunta inicial está se transformando. Não tenho mais a premência que tinha. Está mais leve, dando lugar para uma vontade de trabalhar com quem ainda não tinha trabalhado. Não mais o passado, mas trabalhar com pessoas mais jovens, indo para o futuro.”

Para ela, Agora não fecha o ciclo iniciado por Sem o Que Você Não Pode Viver?. “Estava muito carregada do passado e desse processo veio um outro encaminhamento. Viajei bastante com o solo e chegou o tempo de me concentrar na relação difícil, de amor e ódio, que mantenho com o Rio”, acrescenta ela.

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