Santo André encomenda mapa da juventude

Luppi também abordou a Conferência Municipal da Juventude, projetada para o dia 10 de novembro.

A Prefeitura de Santo André, liderada pelo petista Carlos Grana, quer saber quais as perspectivas da juventude em relação aos serviços públicos. Para isso, o Paço encomendou uma pesquisa que tem como objetivo mapear esse segmento destacado recentemente como prioritário para o governo. A expectativa é de que o estudo, que abordará aspectos socioeconômicos de jovens na faixa etária dos 16 aos 29 anos, seja concluído até o final do ano. A pesquisa servirá de base para o desenvolvimento de programas matriciais. A informação é do assessor de Políticas Públicas para a Juventude do município, Rodrigo Luppi.

Em entrevista ao RDtv, Luppi deu o tom de como será a eleição para o Conselho Municipal da Juventude, apontado como o passo inicial para abrir diálogo com o segmento. A ação acontece neste sábado (10), das 9h às 17h. Jovens com idade acima de 16 anos podem participar da escolha dos 14 membros que irão compor o núcleo, que deve atuar regimentalmente até 2015. A votação acontece em 11 pontos espalhados pela cidade (confira a lista com endereços ao final). Essa é a terceira formação constituída no município.

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O titular destacou que os candidatos ao Conselho representam movimentos ligados a nichos culturais, de jovens empreendedores, do movimento estudantil, religioso, sindical e de gênero, raça e orientação sexual. “Por isso, é importante conhecer as propostas de cada um desses grupos e entender o que elas representam para a cidade”, comentou. O portal da Prefeitura disponibiliza mais informações sobre as propostas e a eleição.

Luppi também abordou a Conferência Municipal da Juventude, projetada para o dia 10 de novembro. Na ocasião, diretrizes que fundamentarão o Plano Municipal de Cultura para os próximos 10 anos estarão em pauta. Paralelamente a isso, a Assessoria de Políticas para a Juventude, setor transferido recentemente para a Secretaria de Gabinete, também desenvolve um planejamento setorial para definir as metas e planos do governo. O resultado será evidenciado no PPA (Plano Plurianual) 2014-2017. Formação profissional e garantia de acesso à políticas de cultura e lazer para os jovens estão entre as prioridades da atual gestão.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista com Rodrigo Luppi:

RD: Neste sábado (10) acontece a eleição do Conselho Municipal da Juventude. Como funciona esse núcleo e qual a sua importância para a cidade?

Rodrigo Luppi: O Conselho Municipal da Juventude (CMJ) é importante porque nele vamos debater tudo o que for relacionado à juventude pelos próximos dois anos, pois o mandato é bianual. Qualquer demanda para o setor, seja relacionada à educação, saúde, moradia, segurança, enfim, será  discutida neste conselho. Esse é um momento importante para a juventude demandar, pois vimos que muitos foram às ruas nos últimos meses reivindicar uma série de mudanças no país. A participação popular é importante nesse caso porque só assim conseguiremos melhorar as políticas públicas e torná-las mais efetivas para quem vive em Santo André.

RD: Quem pode participar do Conselho?

Luppi: O CMJ foi criado por lei em 2007 a partir da ação de movimentos da juventude da sociedade. Santo André foi pioneira, uma das primeiras cidades a constituir um Conselho da Juventude, e eles sempre elegeram representantes de movimentos. Os núcleos que têm atuação na área da cultura, de jovens empreendedores, do segmento religioso, estudantil, sindical e do movimento relacionado à raça, gênero e desigualdade social puderam se inscrever. Tivemos um recorde com 21 inscrições, índice superior às duas últimas eleições. Agora, vamos fazer a eleição desses 21 movimentos. Há mais informações no site da Prefeitura. É importante buscar o que esses movimentos defendem. A ideia é influenciar o jovem a se comportar mais politicamente.

RD: Você citou rapidamente as manifestações que aconteceram predominantemente em junho, que levaram um grande número de jovens às ruas. O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), até chegou a abrir o gabinete para receber representantes desses movimentos. Quando o Conselho Municipal da Juventude estiver constituído, o que será discutido? Essas manifestações terão impacto sobre a pauta?

Luppi: Os movimentos eleitos poderão decidir o que será debatido no Conselho. Com certeza, as pautas das manifestações serão colocadas. O que será discutido com certeza até o ano que vem é a elaboração de um Plano Municipal da Juventude, que terá duração de 10 anos. Pode entrar e sair prefeito que a intenção é que o plano continue lá para a sociedade, como uma política de Estado. A questão da tarifa do transporte público e do acesso à juventude a esse serviço também foi uma pauta colocada pelos movimentos da juventude para o prefeito Carlos Grana, e ele se comprometeu a levar essa discussão para frente.

RD: Estamos chegando à terceira edição do Conselho da Juventude. É possível apontar o que esse núcleo já fez de concreto em anos passados?

Luppi: O Conselho discutiu e organizou a Conferência Municipal da Juventude (no ano da) na última eleição, e isso por si só já é importante porque reúne a juventude para discutir o que ela espera para a sociedade em termos concretos. O Conselho foi criado em 2007. Duas eleições se passaram. A própria constituição do Conselho, a criação de regimento interno, discussões com as secretarias e fazer o Conselho ser reconhecido dentro e fora da Prefeitura já é uma conquista dos últimos grupos. Daqui para frente, a ideia é fazer conselhos mais “encaminhativos”, que sejam práticos. Para isso, vamos integrar o Conselho da Juventude com outros conselhos da cidade.

RD: O Plano Municipal da Juventude, como você comentou, terá um período de duração de 10 anos. Você citou a questão de ser uma “política de Estado”. Apesar disso, o atual governo já formou as diretrizes em relação ao que pretende deixar como marca nesse plano?

Luppi: Sim. Nosso programa de governo é claro: damos importância à juventude na questão da educação profissional, desde que não tire os direitos da juventude, como o acesso ao lazer e à cultura. Tudo isso já tem sido pensado desde o começo dessa gestão. A inovação em relação ao Plano é que queremos ouvir a sociedade. Em vez de pensar em planos somente setoriais, vamos pensar em metas para a cultura, saúde, educação de forma “territorial”. O que isso significa? Vamos pensar em um Plano Municipal da Juventude que contemple a região do Catapreta, do Parque Andreense, Capuava, Camilópolis, enfim. A ideia é que pensemos no jovem como um ser diverso, de bairros diferentes. Queremos ter encaminhamentos específicos e diversos para os próximos 10 anos.

RD: Falando em diversidade, você comentou que a Prefeitura está elaborando uma pesquisa para aplicar junto aos jovens da cidade. Qual é o objetivo desse estudo? Há uma previsão para ser concluído?

Luppi: O nosso objetivo é fazer um mapa da juventude. Esse é um termo técnico para um diagnóstico da juventude na cidade. A nossa intenção é pensar em duas frentes. A primeira é fazer um perfil socioeconômico que abranja quatro áreas: trabalho e renda, saúde, educação e cultura e lazer. Isso será feito com dados secundários, que pegamos com o IBGE, no Cadastro Único (do Governo Federal), no Censo, enfim. A segunda frente é tentar descobrir o que o jovem quer. E vamos fazer isso a partir do Conselho da Juventude, da Conferência Municipal da Juventude – programada para o dia 9 de novembro desse ano –, mas também a partir dessa pesquisa que vai à rua. Queremos saber o que os jovens acham dos serviços públicos e qual a expectativa deles em relação a isso, além de saber como eles viram as manifestações que ocorreram no país e como isso agrega às políticas em Santo André. Ainda não há uma previsão, estamos discutindo quando podemos ir a campo. O momento tem que ser neutro, mas acredito que até o final do ano conseguiremos isso. É importante que esse estudo seja utilitário para todas as secretarias.

RD: O secretariado andreense, a pedido do prefeito Carlos Grana, desenvolveu um trabalho paralelo às audiências com a população para definir o Plano Plurianual 2014-2017, uma espécie de programa de governo mais detalhado para os próximos anos. Esse planejamento estava previsto para encerrar essa semana. O que já foi definido para o setor da Juventude?

Luppi: Ainda há discussões, mas para a juventude já temos muitas coisas. A dificuldade em trabalhar em políticas para juventude, idosos, mulheres, e outros segmentos que chamamos de “direitos” é que são áreas que recebem atenção de todas as secretarias. E é bom que seja assim. Isso nos força a trabalhar na transversalidade. A partir disso, temos de fazer um estudo completo do que cada área tem de diagnóstico para cada faixa etária. A nossa prioridade é fazer o mapa da juventude, definir as prioridades, continuar realizando o projeto “Tô no Rumo” – pelo qual, até o final do ano, 300 jovens vão receber qualificação vocacional e incentivo para ingressar em uma faculdade pública. O prefeito também colocou em nosso programa de governo duas escolas técnicas. A ideia, no ano que vem, é ampliar tudo isso. 

RD: Algum projeto ficou de fora do planejamento por conta da dificuldade financeira que o município enfrenta esse ano?

Luppi: Uma questão que estamos repensando é o Centro de Referência da Juventude (CRJ). A cidade de Santo André foi pioneira nesse tocante, inaugurando o centro em meados dos anos 1990, durante a gestão do ex-prefeito Celso Daniel (PT). Esse CRJ foi exportado para várias outras cidades do país. Mas nos últimos anos, o centro acabou perdendo espaço físico e, consequentemente, acabou perdendo a visão política. Temos de realmente repensar esse núcleo. Mas para o próximo ano, com espaço físico, garantia de recursos humanos, orçamento, tudo isso será adiado um pouco mais.

Confira os 11 locais de votação no sábado:

Casa da Palavra (Praça do Carmo, 171, Centro); Centro Público de Formação Profissional Armando Mazzo (Rua Carnaúba, s/nº, Príncipe de Gales); Centro Público de Formação Profissional Júlio de Grammont (Av. Rangel Pestana, s/nº, Jardim Cristiane); Secretaria de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense (Rua Paula Souza, s/nº); Unidade de Saúde Parque Andreense(Rua Jacobina, 1 – Pq. Represa Billings II); Parque da Juventude (Av. Mário Toledo de Camargo, s/n°, Jd Vila Rica); Emeief Jardim Marek (Rua Luiz G. Pain, s/nº); Cesa Parque Erasmo (Rua Ipanema, 253); Cesa Vila Sá (Av. Nova Iorque, s/nº); Cesa Cata Preta (Estrada da Cata Preta, 810); e Cesa Vila Floresta (Rua Parintins, 344).
 

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