Todas as provas me inocentam, diz Professor Luizinho

“O momento é delicado”. Foi assim que o deputado federal Luiz Carlos da Silva (PT), o Professor Luizinho, de Santo André, resumiu ontem (13) os dias que antecedem a apreciação em plenário do processo de cassação de seu mandato. O petista e outros 10 parlamentares acusados de terem se beneficiado do mensalão terão o futuro político definido a partir da próxima semana, quando começarão a ser lidos em plenário os pareceres dos processos de cassação. Sobre Luizinho, recai a denúncia de que um ex-assessor teria sacado R$ 20 mil de uma das contas do publicitário Marcos Valério, apontado como operador do suposto esquema.

Procurado pela reportagem desde quinta-feira (12), Luizinho não queria comentar o caso, pois o parecer ainda não tinha sido apresentado publicamente. Ontem (13), o parlamentar rompeu o silêncio e ressaltou que “confia plenamente que a justiça será feita”. “Todos que tiveram acesso ao processo dizem que as provas me inocentam. De qualquer forma, espero a apresentação do parecer”, desabafou Luizinho, ao ressaltar que continua à disposição do Conselho de Ética.

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Na quinta-feira (12), o relator do processo contra Luizinho, Pedro Canedo (PP-GO) anunciou o encerramento da investigação contra o parlamentar andreense, que deverá ser o primeiro dos cinco petistas a ser julgado pelo plenário da Câmara. Na avaliação do relator, uma nova convocação de Luizinho seria desnecessária, pois a defesa escrita e oral e os depoimentos foram suficientes.

No entanto, Canedo pediu ao presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB), que não marcasse data para a leitura do texto, pois tem prazo de até cinco sessões para anunciar seu voto. Segundo membros do conselho, Canedo estaria revendo sua decisão de poupar Luizinho da cassação e, portanto, dando mais tempo para que o petista buscasse apoio para reverter o resultado quando fosse para o plenário.

Luizinho contesta, e disse que o relator simplesmente não queria marcar a data da leitura do parecer naquela ocasião. “Não tenho o que reclamar do relator”, comentou o petista, ao elogiar o comportamento de Canedo. “Ele (Canedo) tem dito que a opinião dele será com base nas provas. Se for assim, estou tranqüilo, pois o conjunto do processo prova a minha inocência”, completou.

Entre as provas juntadas ao processo que favorecem Luizinho está o testemunho do ex-assessor que sacou o dinheiro. Em depoimento, José Nílson dos Santos isentou o petista de ter autorizado o saque de R$ 20 mil da conta de Valério no Banco Rural e assegurou que tinha seus próprios interesses eleitorais. O dinheiro seria usado na pré-candidatura de três petistas, e por isso teria procurado o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares para buscar recursos.

Currículo

Luizinho nasceu em Cândido Mota, interior de São Paulo, em 18 de abril de 1955, é casado e tem dois filhos. Em 1976 se formou em Matemática pela Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Pires e um ano depois ingressou na carreira de professor da rede pública estadual. Foi fundador do PT de Santo André em 1980 e foi vereador do município entre 1989 e 1991, quando foi eleito para o primeiro dos dois mandatos que exerceu como deputado estadual.

Em 1999 conseguiu se eleger deputado federal e se manteve no cargo nas eleições de 2002, quando o PT chegou ao poder com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. O auge de sua carreira política foi quando exerceu a liderança do governo Lula na Câmara, entre 2004 e 2005. Deixou o cargo antes do escândalo do mensalão, pensando em se aproximar de sua base eleitoral para as eleições deste ano.

Após 25 anos de vida pública, Luizinho disse que está convicto de sua inocência, e garante que o processo de cassação pelo qual está passado tem fins políticos. “Lutarei pelo meu mandato até o fim. A decisão do Conselho de Ética é importante. Mas a defesa do meu mandato não pára na defesa do Conselho de Ética”, disse o parlamentar, que pretende ir à Justiça para provar sua inocência.

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