Governo Grana sugere solução para problema da habitação na Chácara Baronesa

Pedrinho Botaro, Tiago Nogueira e Eduardo Leite durante audiência sobre a Chácara Baronesa

Durante a audiência pública para debater os problemas da Chácara Baronesa, área localizada na divisa entre São Bernardo e Santo André, o secretário de Gabinete Tiago Nogueira apresentou uma proposta encaminhada pelo primeiro escalão do prefeito de Santo André Carlos Grana (PT) com foco na habitação. Segundo o titular, 98% das moradias irregulares na região foram construídas em território andreense e, por isso, o tema será tratado como prioridade para a administração municipal. “Nosso encaminhamento é fazer um termo de parceria entre prefeituras e Estado, mediado pelo Ministério Público, para solucionar essa situação”, comentou.

Segundo o titular, a proposta para solucionar o problema de moradias irregulares existentes em área de risco, nas proximidades do Córrego Taioca, ainda não foi completamente detalhada, mas consiste em promover a construção de conjuntos habitacionais pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. “Nós queremos ser parte da solução. A sugestão é que o Estado doe a área para a Caixa Econômica Federal, pague o aluguel-social às famílias que vivem na região, e a Prefeitura de Santo André se compromete a elaborar o projeto, cuidar da infraestrutura e da captação de recursos”, explicou.

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Convidado para participar do debate, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), não compareceu à audiência e tampouco encaminhou representante. O secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, foi representado pelo assessor da secretaria, Pedro Botaro, que fez uma explanação sobre o histórico da área pertencente, além de lembrar que o Estado abriu processo licitatório para contratação de uma empresa de segurança para atuar na região. O projeto está incluso no repasse de R$ 4 milhões destinados pelo Estado para a revitalização do parque, com pistas de caminhada, playground, academia ao ar livre e uma quadra poliesportiva.

“Tenho certeza que esse valor inicial não será suficiente, pois na revitalização do parque do Pedroso foram desprendidos R$ 15 milhões e na Chácara Baronesa inclui também problemas de moradias”, afirmou o vereador petista Eduardo Leite.

O evento foi organizado pelos vereadores petistas Eduardo Leite (Santo André) e Paulo Dias (São Bernardo). Também participaram do debate os deputados estaduais Regina Gonçalves (PV), Ana do Carmo (PT) e Orlando Morando (PSDB).

Local se resume em promessas

“Queremos sair, mas fomos esquecidos por todos”, desabafou Elias Andrade, líder da comissão dos moradores da Chácara Baronesa. O sentimento de abandono resume 30 anos de promessas não cumpridas e as condições de extrema pobreza que cerca de 450 famílias vivem dentro da área ambiental. Barracos erguidos à beira do Córrego Taioca, a falta de saneamento básico e os riscos à saúde pública são alguns dos problemas que os moradores enfrentam para sobreviver.

De acordo com Andrade, a esperança dos moradores é a gestão petista nas duas cidades responsáveis pela área, Santo André e São Bernardo. “Antes a desculpa era a oposição e o jogo do empurra prevalecia, agora esperamos que as autoridades entrem num consenso e melhorem essa condição”, disse. A desempregada Sidney Souza, moradora há 20 anos do local, se preocupa com os riscos de sua casa no leito do córrego. “Quando chove sofremos com deslizamentos, mas essa situação nós enfrentamos porque não temos oportunidade melhor e nem condições de pagar aluguel”, comentou.

Para a moradora Zuleide de Souza, que há 18 anos construiu seu barraco de único cômodo, sonha com um dia ter sua casa própria. “Tenho vontade de uma moradia que não seja vergonhosa, onde somos humilhados e ter que passar por vistoria de polícia”, comentou.

Já o representante dos moradores da área pertencente à São Bernardo, Francisco das Chagas, além do problema do deslizamento de terra têm as árvores que estão podres e correm o risco de cair sobre as casas, como já aconteceu pelo menos quatro vezes. “Mesmo para remover uma árvore que apresenta risco à população as prefeituras entram no jogo do empurra, até chegar ao ponto de cair em cima de pelo menos quatro barracos”, disse Chagas.

Chácara era utilizada para criar cavalos

Conhecido também como Haras São Bernardo, o terreno da Chácara Baronesa pertenceu ao Conde Crespi, que vendeu mais tarde a propriedade ao Barão Von Leittner, marido da baronesa Maria Branca Von Leittner. Foi construída na década de 1940 e visava a criação de cavalos.

Em 1976, o Inocoop (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais do Estado) comprou a propriedade e pretendia construir no local três mil unidades habitacionais. No entanto, em 1983, o governo de São Paulo alegou falta de recursos para financiar as construções e o local começou a sofrer as consequências do abandono.

Em 1986, a área foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio, Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) e, no ano seguinte, passou a ser reconhecida como Área de Proteção Ambiental (APA). E em 2001, a chácara foi transformada em parque estadual, porém na prática, o espaço continua abandonado pelo poder público. 

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