ABC - domingo , 4 de maio de 2025

Ferramenta importante na saúde, a telemedicina tem pouco destaque no ABC

Telemedicina foi lançada em 2022 em São Caetano e hoje atende 3,5 mil pacientes por mês. (Foto: Eric Romero/PMSCS)

As consultas não presenciais, que ganharam muito espaço durante a pandemia da covid-19 cresceram em número e em possibilidades, desde então. Até o uso de IA (Inteligência Artificial) já é usado nas plataformas de atendimento. Enquanto a APM (Associação Paulista de Medicina) destaca vantagens da telemedicina como forma que reduzir os gargalos do atendimento médico e otimizar o aproveitamento da estrutura de saúde pública, a região não valoriza esse tipo de atendimento. Cidades como Rio Grande da Serra, Diadema e São Bernardo, não fazem atendimento médico por teleconsulta, já São Caetano informa que realiza 3.500 consultas, em média, por mês.

As teleconsultas em São Caetano podem ser feitas com clínico geral e mais 13 especialidades médicas: cardiologista, alergista, dermatologista, vascular, endocrinologista, hematologista, neurologista, nefrologista, otorrinolaringologista, pneumologista, reumatologista, urologista, saúde mental. Tanto na saúde pública como na privada, os números do atendimento à distância são crescentes. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, mostram que só entre os anos de 2020 e 2021, mais de 7 milhões de consultas foram realizadas remotamente no Brasil. Em 2023, com a regulamentação da telemedicina aprovada em 2022, esse número saltou para 30 milhões de atendimentos em 2023, representando um crescimento de 172%, segundo dados da Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar.

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Para o diretor da APM, Antonio Carlos Endrigo, a telemedicina causa um efeito positivo na organização do serviço público de saúde e aumenta a acessibilidade. “Imagine a alguém que tenha algum problema em casa e que pode receber uma orientação médica antes de se locomover. Em alguns casos essa orientação pode até resolver o problema. A teleconsulta leva o atendimento até locais onde não tem médico”, analisa.

A telemedicina não vai resolver o problema das filas, segundo Endrigo, mas vai ajudar a organizar essa demanda de atendimento. “Não vai tirar a demanda de exames de imagem ou cirurgia de catarata, mas direciona o paciente para o especialista e organiza os serviços. A telemedicina faz uma triagem, separa o que é urgência e emergência. Solução para fila não tem, apesar do SUS (Sistema Único de Saúde) ter como característica atender a todos, há ilhas de excelência e locais onde o atendimento é ruim. Onde é bom atrai muita gente, por isso, São Caetano, por exemplo, atrai muita gente de São Paulo”, aponta o diretor da APM.

O médico destaca que a telemedicina não pode ser um aparato para ser usado como forma de demonstrar resultados com grandes números de atendimentos. “Tem que ter uma quantidade de médicos para dar fazão aos atendimentos, já há ferramentas de monitoramento de tempo de espera, por exemplo. O paciente não pode esperar muito tempo, senão ele desiste. Uma consulta de menos de dois minutos teve algum problema, pois não dá para se diagnosticar nada em tão pouco tempo’, aponta.

“A telemedicina veio para ficar e precisa ser aprimorada sempre com a participação dos profissionais de saúde. É preciso treinamento. O padrão ouro de medicina sempre vai ser o presencial, porém a teleconsulta resolve muitos problemas e organiza o sistema”, completa Antonio Carlos Endrigo.

A Fundação do ABC usa o procedimento da teleconsulta para atendimento dos presos do sistema penitenciário. A OSS (Organização Social de Saúde) gerencia o CHSP (Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário) que alcançou em agosto do ano passado a marca de 2.300 teleatendimentos em várias especialidades, como cardiologia, clínica médica, ginecologia, dermatologia, infectologia, cirurgia plástica, cirurgia vascular, cirurgia torácica, psiquiatria e urologia. O programa de telemedicina teve início em 2021 e também registra 52 atendimentos nas especialidades não médicas de psicologia, terapia ocupacional e fisioterapia.

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