
Anunciada em março pelo prefeito Taka Yamauchi (MDB), a mudança da inspetoria ambiental da GCM (Guarda Civil Municipal) de Diadema, para o imóvel de importância histórica que pertenceu ao jurista Migue Reale, no bairro Serraria, trouxe preocupação ao Conselho do Patrimônio Histórico da cidade, não consultado sobre a ocupação do imóvel. O conselho quer saber o que será feito na casa remanescente no terreno para abrigar a repartição pública e está preocupado com a preservação de um dos poucos imóveis históricos de Diadema ainda em pé. Reunião de urgência foi solicitada e Taka pediu pausa no processo de mudança até que os conselheiros sejam ouvidos.
O imóvel era uma imensa chácara que faz parte do inventário de imóveis de interesse histórico de Diadema, porém perdeu parte das características ao longo dos anos. A casa principal foi demolida e parte do terreno teve dezenas de árvores antigas derrubadas. O empreendimento habitacional, inicialmente previsto para o terreno, não foi adiante e a área foi vendida para o Atacadão, que inaugurou no ano passado loja no local. O que sobrou da área verde e a antiga casa do caseiro foram preservados e restaurados como compensação.
Agora o local, que era conhecido como Chácara do Miguel Reale, foi rebatizado como Parque da Santa, em referência à imagem de Nossa Senhora das Graças, que fica quase em frente ao terreno. Trata-se de uma imagem religiosa de oito metros de altura, que fica no alto de uma capela em frente à igreja de mesmo nome, e que também é um dos itens que fazem parte do Inventário dos Bens Culturais e Imóveis de Diadema.
Desde o ano passado, o Conselho do Patrimônio discute com a Prefeitura o destino da casa da antiga chácara, com a indicação de que o imóvel poderia sediar espaços de educação ambiental e patrimonial, mas nada estava definido. Porém, no dia 14 de março Taka Yamauchi gravou um vídeo para sua rede social com anúncio da transferência da inspetoria ambiental da GCM para o local, o que chamou a atenção dos conselheiros.
A advogada Valéria Reis, presidente do conselho, reclama que não houve consulta ao conselho. A preocupação é de uma destinação correta e que a casa não sofra modificações na sua estrutura. “Sempre debatemos que ali seria ideal para um parque ,com ações de educação. Já aconteceram muitas coisas que afetaram o nosso patrimônio histórico e o conselho tem de ser respeitado. Não pode ocupar e discutir só depois, por isso pedimos uma reunião de urgência com a Administração, o que esperamos que aconteça até esta próxima semana, para tratar do assunto e outros referentes ao patrimônio”, afirma.
Turismo e educação
Valéria diz que se recorda de situações importantes em que o conselho não foi ouvido, como a derrubada de árvores e alteração das características da praça Castelo Branco, no Centro, e da demolição do Observatório Astronômico. “A questão do Observatório foi uma tristeza, a gente não teve o que fazer, fomos surpreendidos com a demolição, o observatório literalmente foi para o espaço e até hoje ninguém sabe quem autorizou. A recuperação e restauro de bens históricos são importantes para o turismo local, para a história da cidade e para a educação, pois os estudantes podem visitar e conhecer o passado da cidade”, completa.
A conselheira Loli Gagliardi diz que muito foi feito pelo patrimônio histórico, mas o conselho acumula algumas vitórias e outras tantas derrotas. Cita o desabamento da olaria do bairro de Eldorado, da qual não resta quase nada, além da praça Castelo Branco, do Observatório Astronômico; a casa que ficou conhecida como local onde a artista plástica Anita Malfati pintou alguns de seus quadros.
Casa de Pedra do Taboão
“Mas tivemos vitórias, como a Casa de Pedra do Taboão, que está lá preservada e a casa do professor Evandro Caiafa Esquivel (primeiro prefeito da cidade), mas temos outros imóveis que estão ameaçados ou desfigurados. A gente quer ações de educação patrimonial, porque é conhecendo a história que a cidade evolui”, resume a conselheira Loli.
A Prefeitura informou que o prefeito tomou a decisão de esperar que todas as etapas da obra fiquem prontas, inclusive a trilha de caminhada e os equipamentos de ginástica que estão sendo implementados, para só então sentar para conversar com o Conselho do Patrimônio Histórico da cidade e definir o uso do imóvel.