
A presença constante de caminhões estacionados na avenida Nicola Demarchi, no Parque Botujuru, em São Bernardo, tem causado incômodo e preocupação entre os motoristas. Segundo relatos, a via está sendo utilizada como estacionamento devido à falta de espaço no Agesbec Porto Seco, armazém alfandegário localizado próximo ao número 1500 da via. O problema, que antes ocorria esporadicamente, se intensificou desde janeiro deste ano, e afeta diretamente o trânsito e a qualidade de vida da população local.
O aumento da presença de caminhões tem impactado diretamente quem acessa a região. Além das dificuldades de mobilidade, o barulho constante, especialmente durante a madrugada, tem sido uma das principais reclamações. Luciano Aparecido é um dos moradores que entrou em contato com jornal para expor sua indignação, o munícipe que frequenta a área diariamente, expressa indignação.
“Ali está um caos total. É importante frisar que não é culpa dos caminhoneiros, e sim da empresa, que não tem estrutura para acomodar essa quantidade de veículos”, afirma. O morador relata que desde de janeiro deste ano está assim, e principalmente durante os horários de pico, o trânsito na região aumenta.
Outra moradora, que preferiu não se identificar, relata que o ruído excessivo tem afetado seu sono e a rotina. A mesma reside nos arredores da empresa e conta que durante a madruga há um barulho excessivo que atrapalha sua qualidade de sono.
“Todos os dias é uma barulheira que vai até as 4h da manhã. Ninguém aguenta mais. Moro aqui há cinco anos e antes os problemas eram ocasionais, agora são constantes. Parece que a empresa não está dando conta do fluxo”, diz. A mesma moradora afirma que já tentou buscar soluções junto a empresa e órgãos competentes, mas não teve voz perante aos mesmos.
“Tenho problemas de sono e isso está piorando minha saúde. Se houvesse um limite para essa movimentação, seria diferente, mas é a noite toda. Já reclamei em todos os lugares possíveis, mas ninguém deu retorno. Meu esposo foi até a empresa e até na Prefeitura, mas ninguém atendeu”, afirma a munícipe.
Agesbec se manifesta
O RD também contatou a empresa, a fim de esclarecer o motivo da presença considerável de veículos pesados na avenida. Em nota, a transportadora justifica que o aumento da movimentação na avenida se deve à greve dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, que já dura mais de 120 dias e justamente por esse motivo, o fluxo de cargas na empresa aumentou.
“Devido às restrições no recebimento e armazenamento de carga no Porto de Santos, agravadas pela greve dos Auditores Fiscais, muitas empresas importadoras estão destinando suas cargas para o Agesbec, o que resultou em um movimento inesperado e atípico. Não temos como recusar ou gerir essa demanda, pois nossa atividade é pública e regulamentada pelo governo federal”, informa.
O armazém informa, ainda, que está em constante diálogo com a Prefeitura e órgãos reguladores para tentar minimizar os impactos na região. “Entendemos os transtornos e estamos adotando medidas para mitigar os efeitos no trânsito local. Nosso objetivo é atender melhor nossos usuários e a comunidade, garantir que nossa operação continue a respeitar a legislação vigente”, informa.
O que é um porto seco?
Um porto seco é um terminal alfandegado de uso público, localizado fora das zonas portuárias tradicionais, onde são realizadas operações de recepção, armazenamento e despacho de mercadorias importadas e exportadas. Esses terminais funcionam como uma extensão do porto marítimo, permitindo que cargas sejam liberadas pela Receita Federal sem a necessidade de permanecer fisicamente nos portos, ajudando a desafogar a logística e melhorar o fluxo do comércio exterior. As mercadorias que chegam ao porto seco estão sob regime de suspensão de tributos e passam por inspeção e liberação aduaneira antes de serem destinadas aos seus compradores ou exportadas para outros países.
O Agesbec atua como um entreposto aduaneiro em São Bernardo. Regulamentada pela Receita Federal, a empresa recebe e armazena cargas que não puderam ser processadas diretamente no Porto de Santos, especialmente em períodos de alta demanda, como o atual, agravado pela greve dos auditores fiscais.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de São Bernardo, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.
Vídeo mostra os caminhões parados na avenida. Veja:
Vídeo mostra a empresa em plena atividade às 5 horas da manhã. Veja: