ABC - sexta-feira , 2 de maio de 2025

Dependente e codependente emocional precisam de tratamento, diz psicóloga

‘Para as pessoas codependentes, existe uma necessidade de se fazer importante na vida do outro indivíduo e este precise de mim’. A  observação é da psicóloga especializada em gestão de pessoas Patricia Carvalho, durante entrevista ao RDtv, ao explicar os conceitos de dependência e codependência emocional, e os impactos desses comportamentos nas relações afetivas das pessoas. Segundo Patrícia, a codependência emocional surge da necessidade de controlar a vida do outro, muitas vezes como uma forma de evitar o abandono ou a rejeição, e atrelado a esse comportamento existe um certo narcisismo do codependente, que sente uma necessidade de se fazer importante na vida do outro indivíduo.

A codependência emocional é um padrão de comportamento em que uma pessoa prioriza excessivamente as necessidades e desejos de outra, muitas vezes negligencia suas próprias necessidades emocionais e físicas. Esse comportamento geralmente surge em pessoas com baixa autoestima e medo de rejeição, e busca validação, aprovação ou um senso de identidade por meio do outro. Caracteriza-se por dificuldade em estabelecer limites, medo de abandono, baixa autoestima e tendência a assumir responsabilidades que não são suas. Esses padrões costumam ter raízes em experiências da infância, como crescer em ambientes familiares disfuncionais ou assumir o papel de cuidador precocemente.

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(Foto: Reprodução/RDTV)

A psicóloga explica que existe uma necessidade de controlar a vida do indivíduo e também um medo de perder aquela pessoa. “O codependente sempre se coloca a disposição para fazer de tudo, resolver os problemas, ele precisa se fazer fundamental na vida do outro indivíduo, para que ele não corra o risco de perder aquela pessoa. Há uma necessidade de controlar a vida daquela pessoa. No entendimento de uma pessoa codependente esse controle é uma forma de minimizar os riscos”, diz.

Esse comportamento pode estar atrelado a questões psicológicas relevantes, como baixa autoestima e o medo de ser rejeitado, de se sofrer algum abandono. “A pessoa procura no outro, que esse se torne dependente das atenções e cuidados dela”, completa Patrícia.

Apesar de muito comum, esse comportamento é um tanto desconhecido entre as pessoas, tendo em vista que em muitos casos ele acabe sendo confundido com outro comportamento, a dependência emocional.

Qual a diferença?

De acordo com a especialista, a dependência emocional ocorre quando um indivíduo não consegue imaginar a própria vida sem o outro indivíduo. “É quando ele vive em função da outra pessoa. A dependência emocional é uma necessidade afetiva, em que o indivíduo sente que precisa do companheiro ou companheira para se sentir completo”, explica Patrícia.

Em outras palavras, a dependência emocional ocorre quando um indivíduo sente que não consegue viver sem o outro, onde coloca a outra pessoa no centro de sua existência e desenvolvendo uma necessidade afetiva intensa por ela. A dependência emocional foca na necessidade de receber afeto e atenção, a codependência envolve uma dinâmica de controle e manipulação, onde o codependente se sente validado apenas ao se fazer necessário para o outro.

A psicóloga ressalta que a dependência emocional pode se manifestar em diferentes contextos, como em relações familiares, amorosas ou de amizade. “Há até um transtorno de personalidade dependente, em que a pessoa desenvolve uma necessidade generalizada de se apegar a outros, seja a pais, amigos ou parceiros”, complementa.

A codependência pode ter traços de narcisismo, por existir uma necessidade de se sentir importante, de ser o centro da vida do outro. “No início, isso pode até ser visto como cuidado e proteção, mas, com o tempo, o excesso de controle e manipulação começa a incomodar”, alerta.

Como lidar?

A codependência pode levar a relacionamentos desequilibrados e sufocantes, e para resolver isso é importante impor limites e estabelecer um dialogo sincero sobre os sentimentos envolvidos. “A pessoa que se sente sufocada precisa se posicionar e impor limites. É importante mostrar ao codependente que ele não precisa carregar o mundo nas costas e que o outro não é tão vulnerável quanto ele imagina”, explica.

Patricia também destaca que a codependência só persiste porque alguém alimenta esse comportamento. O codependente precisa trabalhar sua autoestima e se enxergar como um ser digno de atenção e cuidado também. “Em algum momento, o desconforto aparece. O codependente precisa sair desse lugar cego de si mesmo e se enxergar. Ele precisa entender que sua autoestima não deve depender da aprovação ou da dependência do outro”, afirma.

Para quem se identifica com a codependência, a psicóloga recomenda buscar ajuda profissional, por meio de terapia. “É um processo de ressignificação, em que a pessoa pode aprender a se valorizar e a estabelecer relações mais saudáveis”, completa.

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