
O filme infantil de ficção A Garota e a Pipa (2024) foi gravado em uma periferia de Santo André. Com entrada franca, a estreia acontece no dia 14 de março, às 19h30, na Escola Livre de Cinema (Av. Industrial, 1740 – Campestre). A diretora Neta Lavor, que há algum tempo se dedica a trabalhos documentais no bairro onde cresceu, desta vez traz uma história ficcional de sua autoria sobre duas garotinhas aventureiras.
Sobrinha e tia embarcam em uma divertida jornada: para matar a saudade da avó que está viajando, criam um plano mirabolante. No desenrolar da trama, outras crianças entram em cena e, ao redor de uma pipa, iniciam uma surpreendente aventura.
O filme mergulha no universo lúdico das crianças que ainda brincam no chão de terra. Com imaginação e desprendimento, elas convidam também os mais velhos a uma viagem no tempo.
A história se passa no Jardim Santo André, uma periferia de cenário híbrido, onde prédios se misturam à vegetação, casas de alvenaria convivem com ruas asfaltadas e ruelas levam a campos de várzea ao ar livre, onde adultos e crianças soltam pipa nos dias de sol.
No processo de criação, foi natural para a diretora escolher essa região como cenário, recriando imagens de sua própria infância. Embora a era digital tenha transformado a forma de brincar, nas comunidades ainda é possível ver crianças que transitam entre as novas tecnologias sem abrir mão das brincadeiras tradicionais.
Ciente das barreiras da indústria cinematográfica, Neta seguiu um caminho alternativo ao modelo tradicional. Grande parte do elenco e da equipe técnica é formada por moradores da região, abrindo espaço para a produção cinematográfica no Jardim Santo André.
Para a cineasta, essa participação é uma maneira de compartilhar o que aprendeu. “Eu faço parte do mercado, mas fui criada aqui. Agora posso trazer um pouco do que aprendi para as pessoas da minha comunidade, que nem sempre tiveram a experiência de estar em um set de filmagem ou de atuar. Ainda assim, vejo que qualquer um pode criar. Além disso, há uma troca valiosa com o olhar de cada um”, explica.
A Garota e a Pipa é um filme divertido, mas também ressalta como as brincadeiras de outras épocas podem contribuir para uma infância mais saudável.
“Quis mostrar a importância de se desconectar da internet e ir para a rua. Na favela, o viver em comunidade permite uma conexão real entre as pessoas. E, através da pipa – uma brincadeira que ainda resiste –, reavivamos a memória afetiva dos adultos”, conclui Neta.