ABC - sábado , 3 de maio de 2025

ABC não adere a ampliação da faixa de idade para vacinar contra a dengue

Vacinação no ABC segue apenas para crianças e jovens entre 10 e 14 anos. (Foto: Helber Aggio/PMSA)

A notícia, na semana passada, sobre a ampliação da faixa etária para vacinação contra a dengue, no caso de municípios onde as doses estejam próximas do vencimento, provocou uma procura nos postos de saúde por pessoas de diferentes idades. O público-alvo da vacina Qdenga, do laboratório Takeda, é de crianças e jovens entre 10 e 14 anos de idade, mas para não perder as doses adquiridas, o Ministério da Saúde publicou no dia 14/02 uma instrução para que os municípios com doses próximas a vencer vacinem pessoas de 4 até 60 anos de idade, conforme diz a bula do imunizante, porém no ABC as prefeituras disseram que não têm vacinas nesta condição e continuam com a imunização de 10 a 14 anos.

A moradora de São Bernardo, Luciana Valente, percorreu várias Unidades Básicas de Saúde do município, ligou em outras nas cidades de Diadema, Santo André, São Caetano e São Paulo, na tentativa de conseguir uma dose para o filho de 7 anos. “Disseram que não entraram nessa orientação do ministério para vacinar de 4 a 60 anos, mas não souberam explicar porque. A gente vê notícias de pouca adesão à vacina e eu que quero vacinar meu filho não consigo. Se eu puder quero me vacinar também e toda a minha família”, disse a moradora.

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Luciana diz que não teve casos de dengue na família, nem considera que mora em uma área de alto risco para a doença, mas que a busca pela vacina é para preservar a saúde dos seus familiares. “No sábado fizeram um mutirão de vacinação e também não estavam dando a vacina fora da faixa dos 10 aos 14 que considero uma faixa de idade muito pequena, podiam ampliar”, conta a mãe.

O médico infectologista Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), explica que há motivos técnicos e estratégicos para a definição da faixa etária de 10 a 14 anos como público-alvo. “Essa vacina já é liberada de de quatro a sessenta anos de idade. A estratégia que foi usada pelo Ministério da Saúde para ter adotado somente de dez a quatorze anos é, primeiro pela falta da quantidade de vacinas que tinha que ter para aplicar em outras faixas etárias, segundo porque a população de dez a quatorze anos é a que mais tem sido internada, mas não a que mais morre. A população que tem mais óbitos população (por dengue) é a de idosos e essa vacina não foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para acima dos 60 anos. Apesar de que, na Europa, tem essa aprovação”, explica.

Otsuka diz também que são aguardados os estudos sobre a vacina desenvolvida em São Paulo para o combate à doença. “Entendemos que essa vacina do Butantã deve ser aprovada, mas precisamos ter a publicação, a análise dos dados relativos à fase três para a liberação”, conta o especialista em infectologia pediátrica.

Dengue em números

Com 64 mortos pela dengue só no ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde, o ABC tem ainda vários casos em investigação. A região já aplicou, segundo os dados informados por seis prefeituras, 39,3 mil doses da vacina. Os números de Mauá não constam desta somatória pois a prefeitura não informou.

Os números das prefeituras quanto aos infectados pela dengue são muito diferentes daqueles informados no site do ministério. Santo André é a que tem o maior número de casos; 13.645 segundo a prefeitura e 14.509 segundo o ministério só em 2024. Neste ano já são mais 148 segundo as contas da prefeitura e 203, segundo a pasta federal.  A cidade tem 21 mortos por dengue já confirmados. O município aplicou 9.767 doses da vacina.

São Bernardo é a segunda do ABC em número de doentes; em 2024 foram 12.844 pessoas contaminadas segundo o paço municipal e 13.256 segundo o ministério da saúde. Neste ano, o ministério informa 577 casos. O município tem 16 mortos pela doença desde o início do ano passado. A cidade aplicou 16.205 doses da Qdenga.

Mauá vem em terceiro com 11.543 casos registrados no ano passado, segundo o painel do Ministério da Saúde, e mais 120 neste ano. A cidade não informa quantos vacinou e já soma 11 óbitos pela doença.

Na sequência vem Diadema, com 10.547 infectados segundo a prefeitura e 11.799 segundo o ministério, no ano passado. Neste ano são 102, segundo o município informa e 393 como aparece no painel do ministério. A cidade teve no ano passado 11 mortes por dengue e neste ano ainda nenhuma confirmação. O município informa que desde o início da vacinação até agora, já aplicou 6.463 doses.

São Caetano informou que 8.979 pessoas se infectaram com dengue no ano passado e neste ano mais 42 pessoas ficaram doentes, mas segundo o Ministério da Saúde neste ano o número já chega a 82. A cidade que já teve cinco mortes pela doença já aplicou 4.800 doses da vacina.

Ribeirão Pires aplicou 1.550 doses da vacina. A cidade que não teve mortos confirmados nem no ano passado nem neste ano pela doença já teve 1.217 casos no ano passado e nove neste ano, mas o Ministério diz que este ano já são 32 infectados.

Rio Grande da Serra também não tem mortes confirmadas desde o ano passado até agora, a cidade informou que 231 pessoas ficaram doentes no ano passado e o ministério informa que são 320. O município informou mais três novos casos esse ano, porém a pasta federal da Saúde diz que são 22 casos novos. A cidade aplicou 552 vacinas

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