
A tecnologia está disponível, mas são poucas as câmeras de monitoramento do ABC que fazem leitura de placas de veículos ou reconhecimento facial, uma funcionalidade que ajuda a polícia na recuperação de veículos roubados ou furtados e ainda na captura de pessoas procuradas. A integração entre sistemas municipais e do Estado, que deveria ser regra para otimização dos recursos, não existe em todas as cidades, o que impede a avaliação da eficiência de resultados.
Só duas cidades da região têm dados disponíveis e que demonstram a eficiência destes dispositivos eletrônicos na segurança pública. Santo André é uma delas, mas só tem 20% das câmeras que fazem leitura de placas de veículos. Das 3.336 câmeras de monitoramento da cidade, 636 câmeras estão integradas ao sistema Muralha Eletrônica, responsável por alertar sobre veículos produtos de crime que entram e saem da cidade.
O sistema que lê as placas começou a funcionar em agosto de 2023, segundo a Prefeitura e, nos quatro meses seguintes ajudou na recuperação de 56 veículos. Em 2024, 189 carros foram recuperados e só em janeiro deste ano foram 18. Como resultado da localização destes veículos, 76 pessoas foram presas em 2023, 259 presas do ano passado e neste ano, só em janeiro, foram 28, total de 363 presos.
Santo André quer implantar também o sistema Cortex nas câmeras que possibilita o reconhecimento facial, e essa funcionalidade está em testes. “Está sendo realizado um mapeamento em conjunto com os órgãos policiais (Polícia Militar e Polícia Civil), bem como com a implantação do Observatório de Análise Criminal Municipal, desenvolvido pela Secretaria de Segurança Cidadã. Serão feitos diagnósticos de regiões estratégicas, incluindo rotas de fuga, concentrações de veículos e fluxo de pedestres. Ainda em 2025, o COI (Centro de Operações Integradas) passará por um processo completo de modernização, incorporando equipamentos de última geração”, diz nota da Prefeitura.
A outra cidade da região com dados sobre presos e carros recuperados com amparo nas câmeras inteligentes é São Caetano. Na cidade, no ano passado, 98 procurados pela Justiça foram presos por meio dos alertas do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), que possui 474 câmeras integradas, das quais 70 fazem a leitura de placas de veículos e funcionam como cerca eletrônica, informa o município. A administração municipal diz que estuda a implantação de reconhecimento facial.
Reconhecimento facial
Se em Santo André e São Caetano os resultados aparecem nos números, mesmo com os sistemas inteligentes ainda limitados a poucas câmeras e só fazendo a leitura de placas, nas demais cidades as prefeituras não informam sobre os resultados. A falta de comunicação entre município e Estado é um fator importante.
Diadema tem 346 câmeras ligadas à Central de Monitoramento da GCM (Guarda Civil Municipal). Destas, 150 estão nos totens de segurança, 190 em escolas e seis em via pública. Nenhuma faz reconhecimento facial ou de placas, apesar dos totens contarem com a tecnologia que só precisa ser habilitada através da empresa que as instala. A cidade tem outras 85 câmeras, operadas pela Secretaria de Mobilidade e Transportes e estas sim fazem a leitura de placas e transmitem os dados para a Muralha Paulista (antigo Detecta), que cruza os dados com os bancos de dados de veículos roubados, furtados ou que podem ser dirigidos por procurados. Porém, só a polícia tem as informações. Sem qualquer dado, a Prefeitura não pode colocar também a GCM no encalço dos criminosos.
O Paço informa que até o dia 2 de janeiro não recebia os alertas. “O recebimento de alertas do detecta em Diadema iniciou-se em 19 de setembro de 2023 e somente a Polícia Militar e a Civil tinham esses alertas até o ano passado. Por isso, o Município fez a solicitação de alertas também para a GCM, cuja medida está em fase de implantação”, diz a Prefeitura, que estuda adotar reconhecimento facial e adianta que mais câmeras que leem placas devem ser implantadas nos próximos dias. “A Prefeitura está fazendo estudos para aplicação das câmeras de monitoramento OCR e também para habilitação do reconhecimento facial para 60 dias”.
Nota da Prefeitura de São Bernardo informa que as câmeras do município não contam com sistemas de leitura de placas ou facial. O município conta com 404 câmeras de videomonitoramento em operação. “Reforçamos que o plano de governo da atual administração prevê a criação de um modelo de segurança pública com uso de tecnologia e novas câmeras para auxiliar no serviço integrado entre as polícias e a GCM. Estudos já estão sendo realizados para que, o mais breve possível, a cidade conte com essas novas ferramentas a fim de proteger a população”.
Ribeirão Pires não tem câmeras de monitoramento, mas quer criar um sistema. “O município realiza estudos para implantar câmeras de monitoramento na cidade. Com esses estudos se pretende instalar essas câmeras em locais de maior fluxo, como praças, avenidas, pontos de ônibus, entre outros. O objetivo é reduzir a criminalidade, aumentar a sensação de segurança da população”, informa a Prefeitura.
Ribeirão Pires e Mauá não informaram. A Secretaria de Segurança Pública do Estado também não informa quantas pessoas foram presas ou veículos recuperados através de imagens de câmeras de monitoramento.