
Mais do que nunca a pesquisa é necessária para economizar na compra do material escolar. Estimativa da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) é de que, no varejo, os itens da lista estejam até 9% mais caros, principalmente os importados. Os preços ficaram, portanto, acima da inflação acumulada em 2024, que foi de 4,83% de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). No ABC, os preços podem chegar mais de 400%, se o consumidor considerar marcas diferentes para o mesmo tipo de produto.
Pesquisa feita pelo Procon de Diadema mostrou variação de 43% nas lojas da cidade, numa lista básica de material escolar. A lista incluiu caderno espiral grande de 96 folhas, caneta esferográfica (azul ou preta), marca texto, lápis de escrever, borracha, apontador, tubo de cola/cola bastão, tesoura sem ponta, conjunto de lápis de cor (12 cores), pasta de plástico A4 com aba elástica, tinta guache (12 cores), régua de 30 cm, cartolina (branca) e papel sulfite A4. No varejista mais barato, a lista ficou R$ 59,65. Já na loja com maior preço, o valor chegou a R$ 85,21, variação de 42,85%.
Ainda segundo a pesquisa do órgão de defesa do consumidor de Diadema, o item com maior variação foi a cola bastão com 444%, sendo R$ 1,25 o menor preço e R$ 6,80 o maior. O material com menor variação foi a pasta de plástico A4, com valores entre R$ 3,55 e R$ 4,20 (18%).
Pesquisa feita pelo RD mostrou também diferenças do mesmo produto, em lojas físicas e online. A caneta da marca Bic, modelo Cristal, azul, foi encontrada a R$ 2,49, na loja física da rede Armarinhos Fernando, em São Bernardo. O mesmo produto na loja online da rede Americanas ficou mais caro, R$ 2,90. Importante destacar que as compras online, em geral, têm incidência da taxa de entrega. A borracha oval da marca Mercur, pacote com duas unidades, sai no Armarinhos Fernando por R$ 3,40, e por R$ 4,49 na compra digital.
Se trocar a marca o consumidor pode observar grande variação. Se a caneta esferográfica for da marca Compactor, o pacote com duas unidades na loja de armarinhos sai por R$ 1,90, portanto, a unidade sai por R$ 0,85, uma diferença de 193% em relação ao produto de outra marca, na mesma loja.

O lápis HD número 2, da marca Leo&Leo na loja Americanas on-line sai ao preço de R$ 1,90 a unidade. O produto, só que da marca CIS, saia a R$ 0,99 na loja física Casa da Mamãe Utilidades da avenida Marechal Deodoro, em São Bernardo, ou seja, quase a metade do preço.
A variação de preços dos cadernos tipo universitários, de uma matéria e com encadernação em espiral, é grande. Há itens com 80 e 96 folhas. O mais barato, de 80 folhas, no Armarinhos Fernando, de São Bernardo, foi o da marca Animativa, modelo Sissi, a R$ 10,90. Outros modelos da mesma marca e quantidade de folhas estavam a R$ 12,99. Porém, a mesma loja física tinha um caderno da marca Máxima, modelo XPhoto de 96 folhas a R$ 9,99. A loja Casa da Mamãe oferece o caderno de uma matéria da marca Spice a R$ 9,99.
As pesquisas mostram que os itens variam bastante nas lojas e também é possível fazer uma compra consciente considerando trocar de marca. É o que indica o presidente da Abfiae, Sidnei Bergamaschi. “Como recomendação aos pais, lembramos da importância de pesquisar não só os melhores preços, mas também a qualidade dos produtos e comparar aqueles comparáveis entre si e verificar se são certificados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), pois grande parte dos itens da lista escolar deve ter certificação do órgão para garantir um produto seguro”, analisa.
Inflação
O presidente da associação,, que reúne fabricantes e importadores diz que os custos de produção no País e o câmbio influenciaram os preços, por isso a lista de material escolar tende a sentir um aumento maior que a inflação se comparada com os mesmos itens do ano anterior.
A Abfiae estima que o reajuste de preços para os itens da lista escolar na volta às aulas em 2025 será entre 5% a 9%. Para os itens nacionais o reajuste será menor, de 5%, decorrente dos aumentos de custos de custos de produção no ano passado, principalmente nas matérias primas de papel, papelão, embalagens, químicos e tintas. “Para os itens importados estima-se um reajuste mais próximo a 9%, esses itens são impactados diretamente pelo aumento do dólar, que ocorreu no ano passado, assim como do frete marítimo internacional, principalmente da Ásia, que teve reajustes expressivos. É sempre importante lembrar que os itens da lista sofrem um grande impacto da tributação, aproximadamente 40% do preço desses itens são impostos”, completa Bergamaschi.
Dicas
O Procon de Santo André também preparou dicas que podem ajudar os pais a economizarem na compra do material escolar, a primeira providência é otimizar a lista, verificar materiais que o aluno possui que que possam ser reaproveitados. Comparar preços em lojas físicas e online antes de comprar e outro aconselhamento, considerando que as compras virtuais contam com taxa de entrega. Imprimir propaganda é uma ferramenta para garantir o cumprimento da oferta.

Segundo o Procon, as instituições de ensino são obrigadas a disponibilizar a lista do material escolar de uso pessoal, pode dar a opção de pagamento de taxa de material. Os pais ou responsáveis podem escolher entre pagar a taxa para a escola ou adquirir pessoalmente os itens. Entretanto, as instituições não podem especificar marcas, nem direcionar local para compra ou exigir a aquisição do material na própria escola, exceto na hipótese de ser o único local que disponibilize o item, como uma apostila ou uniforme específico, por exemplo.
Alguns materiais, aqueles de uso coletivo da escola, como papel higiênico, álcool e grande quantidade de sulfite, não podem ser incluídos na lista; a escola deve fornecer. Isso está previsto na lei federal nº 12.886/2013.
Atenção à forma de pagamento é outra recomendação do Procon. O consumidor deve ficar atento à possibilidade de preços diferenciados conforme o meio de pagamento, como dinheiro, cheque, cartão de débito, cartão de crédito ou Pix. A lei nº 13.455/2017 permite essa diferenciação, mas o valor e as condições devem ser claramente informados no momento da compra.
Caso haja necessidade de troca de produtos, as lojas não são obrigadas a aceitar a devolução por motivo de erro ou preferência do consumidor. No entanto, se a compra for feita pela internet, o direito de arrependimento garante ao consumidor a devolução do produto em até sete dias após a compra ou o recebimento, orienta o Procon.
Reaproveitamento
Além dos materiais escolares que possam ser reaproveitados, os pais também podem economizar com livros. Compra coletiva ou troca com outros alunos da mesma escola são opções. Como alternativa para economizar, o Procon menciona a opção de compra coletiva desde que os envolvidos verifiquem as referências dos fornecedores e conheçam os pais envolvidos para evitar golpes. A troca de livros didáticos com outros estudantes da mesma escola também é uma prática que gera economia e contribui para a sustentabilidade, uma vez que o material será reutilizado.