O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Federação Estadual dos Metalúrgicos apresentaram um estudo sobre o cenário das cidades industriais durante o período entre 2002 e 2022. A pesquisa aponta um bom momento na primeira década estudada, mas uma queda na segunda década. O ABC não foge deste cenário, porém, ainda se destaca como o segundo maior local para a indústria no Brasil.
A pesquisa “Cidades Industriais Brasileiras: Emprego, renda e níveis de atividade no período 2002-2022”, aponta que na primeira década estudada o emprego industrial no ABC representava um crescimento de 26%, o salário médio no setor se elevou 15% e o valor adicionado subiu 28%. Porém, entre 2012 e 2021 houve uma queda de 59,8 mil postos de trabalho, fechando em 183,7 mil. Atualmente são 194 mil trabalhadores da indústria na região.
“Então, quando a economia cresceu, o grande ABC cresceu, a indústria do ABC cresceu junto com a indústria brasileira e cresce normalmente, às vezes, cresce a um ritmo superior, inclusive. E quando a gente cai, quando a economia brasileira cai, especialmente a partir de 2015, a economia paulista cai, acho que isso é importantíssimo dizer, que na verdade as maiores perdas do ponto de vista do segundo período estão em cidades paulistas, estão em cidades da região metropolitana de São Paulo e não apenas do ABC, mas da região metropolitana de São Paulo e também do Vale do Paraíba, São José dos Campos também é bastante afetada.”, explica Luís Paulo Bresciani, coordenador da subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e professor da Fundação Getúlio Vargas.

Bresciani, em entrevista ao RDtv desta sexta-feira (20/12), relata que o ABC teve uma queda com a descentralização da indústria automobilística. Tal cenário está acontecendo desde os anos 1990. O professor da FGV ressaltou que apesar da força deste tipo de indústria, a região conta com uma relativa diversificação de seu setor industrial, mas falta uma política que possa compreender melhor o que pode ser feito para a reindustrialização acontecer.
Apesar de alguns anúncios que foram feitos pelos governos estadual e federal sobre planos para a indústria, entre 2015 e 2016, Bresciani aponta que o enfraquecimento de órgãos como o Consórcio Intermunicipal e a Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC, fez com que não houvesse uma interlocução da região com os demais entes, o que também ajudou nesta redução.
“A grande preocupação que nós deveríamos ter nesse momento é ter um plano forte nacionalmente, estados, regiões, conseguir ter esse plano forte para aí sim conseguir fazer uma retomada, porque sem o plano a gente não conseguiria fazer uma retomada consistente.”, explica.
Veja abaixo o levantamento completo feito pelo Dieese: