O governo do Estado planeja fechar em todo o estado 143 turmas do Ensino Médio e do EJA (Educação de Jovens e Adultos) do período noturno. A justificativa é a baixa demanda para esse período e a Secretaria de Educação diz ainda que esse é um movimento natural na rede. Quem lida diariamente com a educação teme dificuldades para os alunos que trabalham durante o dia e que isso vai impactar nos números da evasão escolar. Apesar do governo não informar o número exato de escolas e alunos afetados, um levantamento paralelo feito pela Apeoesp (Sindicado dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) aponta que pelo menos 33 turmas do Ensino Médio noturno em 12 escolas do ABC serão fechadas.
A Apeoesp não tem os números completos pois o levantamento é feito escola por escola e os servidores estaduais temem represálias ao passarem informações ao sindicato. Pelos dados já levantado, no mínimo 886 alunos do ABC serão afetados e terão que mudar de escola para continuarem os estudos. Como parte de quem estuda à noite já trabalha, a mudança de escola, que pode ficar mais longe, pode fazer com que parte deles abandone o curso. Essa é a preocupação da presidente da Apeoesp de Santo André, professora Maíra Machado.
“Tem gente que vai deixar de estudar porque precisa trabalhar e se não tem uma escola com período noturno perto de casa vai desistir. Isso é muito ruim para a educação e também é ruim para os professores que vão perder aulas, principalmente para os professores contratados. Se forem 10 salas a menos, isso significa 420 aulas a menos no mês, isso tem um impacto na categoria, vai ter professor temporário que não vai ter aula ano que vem”, analisa.
O ABC terá um ato unificando as regionais da Apeoesp na próxima semana, mas em data ainda a ser definida. Já se sabe que o ato será concentrado em Santo André, em frente à Diretoria de Ensino. Além do ato que deve reunir professores e alunos, o sindicato dos professores prepara uma série de faixas que serão colocadas na região.
Greve
O presidente da Apeoesp estadual, professor Fabio Santos de Moraes, considera essa atitude do Estado um “sistema de destruição total” do ensino. Esse levantamento das escolas afetadas, segundo ele, é apenas parte do tamanho do problema. “Muita gente que tem medo de falar, está um clima de terror nas escolas porque quem denuncia e aparece depois o nome da escola, pode sofrer retaliação. Já fizemos um ato na semana passada e estamos agindo onde pode, como denúncia ao Ministério Público e partimos agora para atos na porta das diretorias. Nos dias 13 e 14 faremos uma plenária, do Estado inteiro para fazer a avalição e inclusive discutir uma greve”, detalha.
O Estado garante que não vai faltar vagas para quem quiser estudar à noite no próximo ano. “Todos os alunos que necessitem do período noturno continuarão sendo assistidos neste turno. Sempre foi exigido que se apresentasse comprovante ou qualquer declaração de vínculo empregatício, mesmo no trabalho informal. As unidades que não tiverem número de alunos suficientes que justifiquem o período noturno terão seus alunos transferidos para outras escolas, com transporte garantido se residirem a uma distância maior de 2 km da unidade. Avanços conquistados nesta gestão ajudam a explicar a queda na demanda pelo ensino noturno no Estado, entre eles: a expansão significativa do ensino integral em quase 13% em 2025, o crescimento em 140 % das matrículas no ensino profissional para o ano que vem e a ampliação da capacidade de atendimento no período diurno, com a criação de mais salas de aula nas escolas”, diz nota da Secretaria Estadual da Educação.
Veja a lista de turmas que serão encerradas em 2025, segundo levantamento paralelo da Apeoesp: