Neste sábado (30/11), ocorrerá a aula “As vozes indígenas e negras e a contação de histórias” na Universidade Federal do ABC, em Santo André, a partir das 9h. Haverá também a realização de uma Oficina de Contação de histórias, junto das docentes Ãgohó Ãkirê Pataxóe e Julia Aparecida Souza de Oliveira.
Esta atividade faz parte do curso de Ensino, Pesquisa e Extensão Africanidades por Elas da UFABC, que conta com 270 alunos nessa oferta e já formou, desde 2018, 1100 alunos. O projeto é coordenado pela Profª Drª Ana Maria Dietrich, docente do Bacharelado de Políticas Públicas da UFABC e pela Nathália Vaccani, especialista em tecnologias e administração. Na 7ª edição, o curso traz discussões sobre as culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas, com um foco nas mulheres. As atividades – gratuitas e abertas ao público – misturam práticas pedagógicas, homenagens aos Mestres Griôs e discussões acadêmicas, sempre com ênfase nos saberes ancestrais e no papel da cultura popular negras e indígenas como forma de resistência.
As professoras Ãgohó Ãkirê Pataxó (Indígena Pataxó Hã Hã Hãe do ABC) e Julia Aparecida Souza de Oliveira (GPEDH/ CNPq) irão trabalhar a contação de histórias por meio da perspectiva das culturas indígenas e afro-brasileiras. Irão trazer narrativas dos povos originários e tradicionais que transmitem saberes ancestrais e ensinamentos profundos sobre o respeito à natureza, à coletividade e à resistência cultural.
Ao dar visibilidade às histórias de povos indígenas e negros, pretende-se fortalecer a identidade cultural das crianças na educação infantil e juvenil, contribuindo para a formação dos educadores. O curso oferece workshops, rodas de histórias e atividades lúdicas para incentivar os educadores a conhecer e vivenciar histórias que abordam temas como a luta pela igualdade, a preservação do meio ambiente e a valorização da diversidade.
O Africanidades por elas teve sua primeira aula no dia 19 de outubro e inaugurou a programação com o tema “Mulheres das Africanidades e das Americanidades”. A abertura contou com uma Mesa Inaugural e uma Aula Magna, destacando a importância das mulheres negras e indígenas na preservação das tradições. Além das discussões teóricas, o evento teve uma apresentação cultural da atriz Vera Luz (Cia Odara), intitulada “Negra Sou! e História de Bambuche”, celebrando as raízes afro-brasileiras através da música e da dança.
Durante a aula, foram realizadas homenagens aos Mestres/as Griô e ao Coletivo Ancestralidade Griô, em reconhecimento ao trabalho contínuo na preservação da memória oral e das tradições afro-indígenas sendo eles: Mestra Griô e Coletivo Ancestralidade Griô Cacica Jaqueline Haywã (Indígena Pataxó Hã Hã Hãe do ABC); Valdenor Silva (Federação Paulista de Capoeira) e Vera Luz (Cia Odara).

Entre os participantes dessa aula inaugural estavam a Profª Drª Ana Maria Dietrich (UFABC), a Profª Especialista Nathalia Vaccani (GEDH), o Prof. Ms. Ricardo Alvarez (USP), a Profª Alexandra Oliveira (GPEDH), a Profª Drª Rosana Oliveira Rocha (Coletivo Resistência pelo Amor) e a Cacica Jaqueline Haywã (Articulação Indígena Pataxó Hã Hã Hãe do ABC).
Já a segunda aula, realizada no dia 9 de novembro, teve como tema “Maracatu: Cultura Negra em tambores que ecoam e saias que giram pelo Brasil”. Onde a Profª Especialista Cláudia Aparecida Cesar Rezende (GPEDH) e a Profª Especialista Maura Aparecida de Andrade Calheiros de Morais (Gpedh), falaram sobre o papel do Maracatu na preservação das tradições afro-brasileiras e sobre como essa manifestação cultural funciona como uma prática de resistência e identidade. Também tivemos uma oficina de Maracatu com o Maracatu Bloco de Pedra, trazendo a força e a ancestralidade dos tambores e das danças afro-brasileiras.
A terceira aula tratou da importância da Capoeira na Educação Básica, apresentando-a como uma ferramenta pedagógica e de resistência, com foco em sua importância no combate ao racismo dentro das escolas, e trarão práticas para aplicar o esporte em sala de aula, mostrando o valor dessa prática tanto como arte marcial quanto como prática educativa.
A programação segue com mais três encontros temáticos. No dia 7 de dezembro, a quinta aula tratará de “Educação antirracista e jogos cooperativos”. Jogos de tabuleiro serão utilizados para enfatizar o trabalho em equipe, a empatia e a interdependência, trabalhando com a premissa da cooperação e da colaboração entre os participantes.
Já a aula de encerramento teremos o tema “Danças, brincantes e cirandas: o corpo de mulheres negras e indígenas em movimento”, onde os professores Paulo Inácio Coelho (Rede do Cuidado) e Maria Gildacy Araújo Lôbo Gomes (Grupo de Pesquisa Educação em Direitos Humanos/ CNPq) irão trabalhar com ações de encantamento por meio da Vivência de Brincadeiras e Danças da Cultura Popular Brasileira, em especial aquelas que que nos identificam enquanto cultura e povo brasileiro, e, com isso, a aprendizagem sobre a sabedoria corporal, cultural e cognitiva dessas manifestações, com um olhar atento e específico para os sentidos matrísticos dessas manifestações e uma reflexão sobre a presença e a potência feminina delas.
Essas atividades formam uma programação que busca não só o reconhecimento das culturas africanas e indígenas, mas também a promoção de práticas educativas e culturais que desafiem as estruturas coloniais e racistas, sempre com foco na valorização das identidades e saberes ancestrais.