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Às vésperas do Dia Nacional da Educação a Distância (27/11), dados do Censo da Educação Superior 2023, elaborado pelo MEC (Ministério da Educação), mostram que até 2023, dos 9,9 milhões de estudantes de nível superior, 4,9 milhões estudavam à distância e 5,06 milhões estavam no presencial. No estudo anterior eram 9,4 milhões de estudantes, sendo que 4,3 milhões em EAD. A previsão é que o ensino na internet supere o presencial nos próximos anos. No ABC não é diferente, a cada ano novos cursos surgem na modalidade EAD, que cresceu até 51% na região, de acordo com a instituição.
A Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares) participa do Conselho Consultivo para o Aperfeiçoamento dos Processos de Regulação e Supervisão da Educação Superior, cujas reuniões neste segundo semestre abordaram a revisão dos referenciais de qualidade para os cursos na modalidade Educação a Distância (EAD), com uma nova proposta de regulação a ser apresentada pelo Ministério da Educação (MEC) até o fim deste ano. O grupo prepara um novo marco regulatório para o ensino EAD.
Os números das universidades apontam para o avanço da EAD tanto no número de cursos oferecidos quanto na quantidade de vagas para os próximos anos. A Fundação Santo André espera aumentar em 16,66% o número de estudantes em EAD em 2025. Atualmente oferece os seguintes cursos na modalidade: Gestão Pública (dois anos), Negócios imobiliários (dois anos) e Pedagogia (quatro anos), esse último o carro chefe dos cursos EAD.
Segundo a FSA, as matrizes dos cursos atende a legislação educacional com os momentos presenciais de formação exigidos, bem como traz inovações, como a possibilidade de realização de iniciação científica online e mobilidade acadêmica internacional à distância. São cerca de 300 alunos na edição 2024 (1° semestre) e mais 120 na edição 2024 do vestibular (2° semestre). Para 2025, a expectativa é um aumento para cerca de 350 novos alunos. Mais informações no site: www,fsa.br/vestibular.
A Anhanguera informa que o número de estudantes em toda a rede cresceu 15% neste ano e oferece 96 cursos de graduação na modalidade a distância e 650 cursos de pós-graduação EAD. Em 2023, a modalidade EAD na Cogna, detentora da Anhanguera, contava com mais de 790 mil alunos. Já neste ano, esse número aumentou para mais de 909 mil alunos, diz a universidade que não apresenta números sobre novos cursos ou expectativa de matrículas para 2025 em EAD.
A USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) também tem ampliado o EAD. Em 2023 eram 19 cursos e neste ano já são 23. No ano passado 471 alunos estudavam na modalidade à distância e neste ano 715, segundo a universidade, alta de 51%.
Mas não são todas as instituições que apostam no ensino à distância. A Faculdade de Direito de São Bernardo, uma das mais tradicionais da região, só tem cursos presenciais.
O Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) tem desde 2013 cursos EAD. Hoje, oferece portfólio de cursos livres, técnicos, de graduação, pós-graduação e extensão a distância, no País e apoiado por mais de 380 polos presenciais para avaliações. São mais de 380 opções em cursos livres, técnicos, graduações, pós-graduações e extensões universitárias. Para atividades presenciais obrigatórias, conta com mais de 380 polos credenciados. Já no ambiente digital, a WebTV Senac enriquece a experiência, aproximando o relacionamento entre aluno e docente com aulas em vídeo, informa.
Preocupação
Apesar da praticidade, menos deslocamentos, despesas e versatilidade de horários, esses cursos precisam garantir a mesma qualidade dos cursos regulares. Para André Stábile, especialista e educação e fundador do instituto Educacionista, o desafio é que esses diplomas tenham grande valor no mercado de trabalho. Para Stábile, como os índices da educação básica já não são satisfatórios, o jovem chega na universidade com uma formação deficiente e, se o curso não for bem elaborado, o resultado se dará no mercado de trabalho.
Stábile defende que algumas partes dos cursos sejam presenciais e práticas. “Dos futuros profissionais será exigida qualidade, mas com cursos 100% EAD isso não se sustenta. Na nossa visão, a situação é preocupante porque a atividade e a prática demandam formação in loco. A prática de uma residência pedagógica é tão importante quando uma residência médica”, analisa.
Para Stábile, o MEC não tem uma estrutura boa para fiscalizar todos os cursos EAD. “Fazem cursos online à baciada e atraem grande público, mas o ministério não tem como fiscalizar e com isso crescem verdadeiros impérios da educação privada, sem verificação da carga horária ou da qualidade. O preço muito barato dos cursos atraem grande parte da população de um país que tem o segundo pior salário mínimo da América do Sul e essa renda dificulta muito que essas pessoas tenham acesso à universidade presencial e com isso essa enxurrada de cursos EAD se torna um serviço negocial, eu diria até cartorário de impressão de diplomas”, completa.