ABC - segunda-feira , 13 de janeiro de 2025

Casos de coqueluche na região sobem 185% e estão no limite de marca histórica

Vacina é aplicada em crianças até os seis anos, mais velhos com comorbidades ou imunossuprimidos também recebem a vacina gratuitamente. Fora esses casos só em clínicas particulares. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Os casos de coqueluche na população do ABC subiram 185,7% entre o ano passado e este. Segundo dados do Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde para a doença, foram sete casos confirmados no ano passado e 20 neste ano. Patamar como esse só se viu em 2018 que fechou os doze meses com duas dezenas de casos, mas a região atinge essa marca faltando mais de um mês para a virada do ano. Para o médico infectologista Marcelo Otsuka, que é coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a doença é grave e pode ser fatal, mas tem tratamento para os doentes e oferta pública de vacinas nos postos de saúde.

De acordo com painel, as sete cidades da região alcançaram os 20 casos em 2018, nos demais anos os casos ficaram abaixo de 12, exceto em 2014 que fechou com 112 casos, de lá pra cá só queda nos números que só voltaram a crescer este ano. (Veja quadro). Segundo o ministério a região não registra mortes pela doença desde 2014. A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada por bactéria (Bordetella Pertussis). Está presente em todo o mundo. Sua principal característica são crises de tosse seca. Pode atingir, também, traqueia e brônquios. Crianças menores de seis meses podem apresentar complicações da coqueluche que, se não tratada corretamente, pode levar à morte.

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Os números cresceram muito em duas cidades. Em São Caetano são 8 casos este ano e nenhum no ano passado inteiro. Mesma realidade de São Bernardo que não registrou casos em 2023 e este ano também já são oito. Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não tiveram casos no ano passado nem neste ano. O último caso registrado de coqueluche em Diadema foi há cinco ano, em 2019. Em Santo André depois de anos sem registrar nenhum caso da doença no ano passado foram quatro confirmações no ano todo e neste ano já são outros quatro registros. Mauá tem uma divergência entre o número informado pela prefeitura de dois casos neste ano, e nenhum caso apontado pelo painel do Ministério da Saúde. No ano passado os números batem, foram três, ou seja, na cidade houve redução. Portanto, considerando a informação do paço mauaense, o número de doentes este ano subiria para 22, perfazendo uma alta de 214%.

Para Otsuka, são dois fatores que contribuem para a alta de casos, um é que entre um período de anos e outro, há uma alta, outro fator importante é que nos últimos anos a adesão à vacina caiu, o que pode explicar mais casos surgindo. “Já tivemos muito mais casos quando não havia vacina, agora tem, mas tivemos períodos de maior incidência e também uma queda na cobertura vacinal de gestantes e adolescentes, embora esse número tenha melhorado recentemente. O avanço da doença depende da imunização da população e da circulação do agente. Um fato que pode explicar também um número maior de doentes, que chegou a crescer 3000% só na Capital paulista, é o diagnóstico mais fácil e preciso, que não tinha antes, então esse pode ser outro fator desse aumento”.

A vacina da coqueluche é dada para crianças nos postos de saúde até os seis anos de idade, como no período recente de baixa imunização, parte deste público ficou sem vacina ou com o esquema incompleto. Segundo Marcelo Otsuka isso explica porque a maioria dos infectados é adolescente. “Isso pode acontecer pela falta de reforço da vacina”, interpreta o especialista.

Quem tem problemas imunológicos, ou algumas doenças, deve ter a vacina mesmo na fase adulta, para evitar desenvolver a doença se tiver contato com o agente. Quem pode pagar por uma vacina em clínicas particulares de imunização, também pode vacinar os adolescentes e jovens. “Com o tempo há uma queda na resposta imunológica e isso pode favorecer o aparecimento da coqueluche, portanto quem puder pode fazer a vacina. Eu recomendo sim”. Em uma busca em clínicas de imunização a vacina parte de R$ 240 e pode chegar perto de R$ 400.

Como a coqueluche é uma doença respiratória e se confunde com sintomas gripais, qualquer um nesta situação deve evitar contato com outras pessoas. “Quando se tem um quadro de doença respiratória deve se afastar de pessoas que podem desenvolver caso mais graves principalmente imunossuprimidos, gestantes, bebês ou quem esteja em tratamento de câncer. Todo o protocolo que aprendemos na pandemia com o uso de máscara e higienização das mãos foi esquecido e deve ser adotado se estiver doente”

Otsuka diz que os casos que surgem agora apresentam maior gravidade, portanto os cuidados devem ser observados. O tratamento é dos sintomas. “O antibiótico nestes casos não vai funcionar, nos casos mais graves o que tem que ser feito é dar o suporte como a estabilidade no quadro respiratório e oxigênio para quem precisar”, explica.

 

 

 

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