Uma pesquisa realizada pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, aponta que cerca de 30% dos moradores do ABC apresentam a doença crônica da obesidade. Os dados referentes ao ano de 2023 também mostram que somando aqueles que têm sobrepeso, o percentual aumenta para 58,17%. Ao RDtv desta quinta-feira (31/10), a presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), Sueli Longo, relata os perigos para a saúde deste grupo. Má alimentação e sedentarismo são as principais causas.
Sueli aponta que os estudos referentes as sete cidades do ABC relatam os mesmos problemas que assombram o mundo e que causam receio nos especialistas. “Isso tem um impacto muito importante na qualidade de vida dessas pessoas, porque predispõe essas pessoas ao desenvolvimento do que nós chamamos de doenças crônicas não transmissíveis. Quais seriam essas doenças? O diabetes, a hipertensão, colesterol alterado, a questão do câncer, problemas relacionados ao rim, ao fígado. Então, nós temos várias outras doenças que têm como fator causal, um dos fatores causais, a obesidade”, explica.
O problema ocorre há alguns anos e foi potencializado pelo período da pandemia do Covid-19, momento em que muitas pessoas deixaram de fazer atividade física e passaram a consumir mais alimentos industrializados ou que abusaram dos fast food. Sueli também relata que há uma preocupação ainda maior com crianças e adolescentes, algo que foi indicado pelo Atlas Mundial de Obesidade, divulgado neste ano.
“A criança obesa será o adolescente obeso, que vai ser o adulto obeso. Então, esse problema, ele tende, na verdade, a ficar cada vez mais sério e nós temos que fazer algum tipo de ação, sob o ponto de vista saúde coletiva, sob o ponto de vista cada um se preocupando com essa doença chamada obesidade, no sentido de trazer o tratamento para a mesma”, segue a especialista.
A presidente do SBAN opina que a obesidade não é encarada pela maioria das pessoas como uma doença, mas como algo estético, o que escode problemas. “Nós temos que tratá-la com seriedade e também entender que ela é uma doença multifatorial. Ela não tem uma causa específica, ela é a somatória de vários fatores”, diz Sueli.
Atividade física
Uma alimentação mais rica em frutas, verduras e legumes é um dos caminhos para uma melhora da saúde. Mas Sueli Longo deixa claro que também existe a necessidade do exercício físico. “Então, se por um lado nós estamos consumindo uma quantidade maior de energia, por outro lado nós estamos gastando muito menos energia do que gastamos no passado. Então, essa conta não bate”.
Segundo dados de 2023 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção por Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, 40,6% das pessoas com 18 anos ou mais realizam atividades físicas seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em março de 2023, apontam que 47% dos brasileiros são sedentários e quanto o levantamento é realizado entre os jovens, o percentual chega a casa dos 84%.
“Você tem um grupo que cada vez mais fica parado, sentado. Ele não se movimenta, ele não gasta energia e ele tem um consumo de energia, portanto, maior do que aquilo que ele precisa. Então, é onde eu falo que a conta não bate. Então, assim, eu tenho que consumir uma quantidade de energia equivalente à minha necessidade para o meu corpo poder desenvolver as suas atividades de forma satisfatória e eu tenho que fazer algum tipo de exercício físico de forma regular para gastar energia”, inicia.
“E não só gastar energia, porque a gente sabe de todos os demais benefícios do exercício físico, a saúde cardiovascular, a questão do controle da glicemia, a controle dos triglicérides sanguíneo. Então, assim, quando nós colocamos o estilo de vida das pessoas na atualidade, ele não é um estilo de vida que leva à saúde”, concluí.