O Setembro Azul é o mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira, dedicado a celebrar as conquistas e a cultura surda, além de conscientizar a sociedade sobre a importância da inclusão e acessibilidade para a comunidade surda. Dedicado a levar representatividade do surdo para o público, a Fundação das Artes de São Caetano realiza, entre 20 e 28 de setembro, o “Setembro Surdo”, que promove uma série de atividades culturais e educativas sobre acessibilidade e protagonismo da pessoa surda.
Nos programas, colaboradores da própria Fundação promoverão atividades voltadas a educar e mostrar a importância de compreender a cultura surda como parte da sociedade. Em entrevista ao RDtv, os professores Felipe Torres e Fernanda Ribeiro (ambos surdos) e a supervisora do curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) da instituição, Sabrina Caires, comentam sobre as dificuldades enfrentadas no dia a dia e como um evento com atividades educativas une a sociedade em prol da empatia e contra o capacitismo. Esta edição do programa contou com a presença da intérprete de Libras, Karina Nonato, também da Fundação.
“Já dou aulas há anos na Fundação e nunca fui mais feliz com esse evento. É importante promover a visibilidade de pessoas surdas e divulgar os cursos que a instituição fornece, e para isso temos o Setembro Surdo para nos dar essa representatividade”, diz Torres. Além dos professores surdos, existe um grupo de docentes dedicados a promoverem uma programação mensal voltada à cultura surda, como a que iniciou nesta sexta-feira (20/09).
Apesar da Fundação dar lugar de fala aos surdos, existem ainda barreiras enfrentadas que dificultam o convívio em sociedade. Um exemplo que a professora Jaqueline cita é ir ao hospital, em que “dificilmente terá alguém que fale em Libras e compreenda as nossas necessidades”. Por isso, reforça que apesar de abordar sobre equidade, não dispensa que sua primeira língua seja Libras, e que está deve ser respeitada em meio às pessoas, mesmo que em suma maioria seja mais ouvintes do que surdos.
Lei de Libras
No dia 24 de abril de 2002, decretou a lei n.º 10.436/2002, que reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão dos surdos. Torres comenta que é importante ter essa visibilidade, mas que nem todos aceitam, pois “imaginam que sejam gastos desnecessários e acabam por se sentirem incomodadas com o surdo, até porque a sociedade em si é mais auditiva”. Sabrina reforça que antes existiam muitas barreiras que hoje já são superadas, mas que mesmo assim, ainda falta divulgação para mostrar como é necessário dar a acessibilidade.
Apesar de enfrentar ainda algumas dificuldades, os professores comentam haver uma maior procura pelo curso de Libras, quando comparado aos anos anteriores. Com 450 alunos, a Fundação oferece o curso de 160 horas de fundamentação básica da língua, com professores surdos, voltada ao público geral. “Tanto os alunos quanto os professores são bem engajados e ansiosos para promoverem eventos voltados à cultura surda. Não é fácil, são em pequenos passos que mostramos o protagonismo do surdo e promovemos o seu lugar de fala em sociedade para mostrar que também devem ser respeitados”, comenta Sabrina.
Programação do Setembro Surdo
Organizado por uma equipe especializada em acessibilidade e inclusão, o “Setembro Surdo” traz palestras, apresentações e espetáculos voltados para a conscientização sobre a importância da comunicação em Libras e a valorização das conquistas da comunidade surda ao longo dos anos. A programação inclui temas como a educação de surdos, surdocegueira, empoderamento jovem e a expressão cultural da poesia em Libras. A entrada para todas as atividades é gratuita, e os ingressos para as apresentações teatrais podem ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência.
Um dos destaques é a peça teatral “Aki Eu Era Feliz”, dirigida por Sérgio de Azevedo, que será apresentada no sábado (21/09), no Teatro Timochenco Wehbi (rua Visconde de Inhaúma, 730, Oswaldo Cruz, São Caetano) com acessibilidade em Libras. A peça explora questões ambientais e humanitárias através de uma narrativa lúdica e envolvente, com três crianças que enfrentam desafios ao atravessar portais mágicos.
Já as palestras e apresentações ocorrem na unidade 2, na Fundação das Artes, localizada na rua Martim Francisco, 471, no bairro Santa Paula. Dentre as atrações estão:
23 de setembro:
– 19h30: Apresentação “Literatura Surda”
– 21h: Palestra “História da Educação dos Surdos”
24 de setembro:
– 14h30: Palestra “História da Educação dos Surdos”
– 16h: Palestra “Surdocegueira: Realidade e Limitações”
25 de setembro:
– 19h30: Palestra “Surdocegueira: Realidade e Limitações”
– 21h: Apresentação “Poesia – Identidade Surda”
26 de setembro:
– 14h30: Apresentação “Poesia – Identidade Surda”
– 16h: Apresentação “Literatura Surda”
28 de setembro:
– 9h30: Palestra “Empoderamento Jovem Surdo”
– 11h: Apresentação “Poesia – Identidade Surda”