Um artigo recente da Nature alerta que a Doença Renal Crônica (DRC) se tornou epidemia silenciosa, com projeções de que a doença será a quinta principal causa de morte no mundo até 2040. No Brasil, mais de 50% dos casos de DRC estão associados a indivíduos com diabetes ou hipertensão arterial.
Para se ter ideia, a incidência de doenças renais crônicas aumentou 30% nas últimas três décadas. Especialistas apontam que a prevenção e o diagnóstico precoce ainda enfrentam grandes desafios. O nefrologista David Machado, coordenador da Nefrologia da Rede D’Or ABC, destaca que o diagnóstico deve considerar fatores como diabetes, hipertensão, obesidade, idade avançada e histórico familiar de doenças renais.
Segundo ele, os rins desempenham uma função essencial na filtragem do sangue, removendo resíduos tóxicos resultantes do metabolismo, como ureia, creatinina e ácido úrico. A conscientização sobre a DRC e suas causas é fundamental para melhorar a saúde renal da população.

Outros fatores que podem originar doenças renais incluem pedras nos rins (que geralmente causam dor e desconforto), infecções urinárias, glomerulopatias (infecções desenvolvidas no próprio rim) e o uso de medicamentos como anti-inflamatórios, que, quando consumidos frequentemente e a longo prazo, podem danificar os rins e provocar insuficiência renal.
Machado explica que as doenças renais crônicas não possuem um perfil exato, mas geralmente afetam pessoas com diabetes e hipertensão arterial, especialmente aquelas com 60 anos ou mais.
“Está aumentando a incidência de pessoas com alguma doença renal crônica. O problema dessa patologia é que é silenciosa, portanto, não demonstra sinais claros de que está afetando os rins, e por consequência, dificulta o diagnóstico e tratamento”, explica o especialista.
Sinais
Os sinais mais evidentes envolvem inchaço (retenção de líquido), pressão alta, elevação da glicose no sangue, além de urina mais espumosa, com sangue ou com uma coloração diferente. Em casos do indivíduo sentir alguns desses sintomas, é possível realizar o teste da urina ou de sangue, na rede pública ou privada, na qual se analisa os componentes presentes no líquido indicadores de algum problema no sistema renal.
Prevenção
O nefrologista explica que o diagnóstico é uma forma importante de prevenção das Doenças Renais Crônicas (DRCs), mas é possível reforçar essa prevenção com a ingestão constante de água, recomendando pelo menos dois litros por dia (ou 30 ml/kg). Não importa se a água é com gás ou alcalina; a hidratação adequada garante que o sistema renal funcione de maneira saudável.
“O problema é que muitas pessoas realizam exames médicos em fases em que a patologia já se desenvolveu, geralmente em um estágio mais agudo. De fato, existe uma epidemia de doenças renais crônicas na sociedade que é subdiagnosticada”, comenta Machado.
Tratamento
Há duas formas de realizar o tratamento, sendo a primeira através da hemodiálise, que consiste na filtragem do sangue dos rins, fazendo parte do trabalho que o rim doente não pode fazer. Já o segundo tratamento se refere ao transplante do órgão, sendo esta a maior dificuldade encontrada no Estado de São Paulo, que soma cerca de 18 mil pessoas na lista de espera por um rim.
“A questão é que existe pouca doação para muita demanda, deixando milhares de pessoas na fila de espera pelo transplante. Por isso motivamos que as pessoas dispostas em doar realizem o procedimento, e até assegurem em caso de falecimento a doação de seus órgãos para quem precisa”, explica.