ABC - sábado , 12 de outubro de 2024

Grandes obras são desafio para paciência de motoristas e pedestres no ABC

Colunas que vão sustentar a estrutura do novo viaduto sobre a avenida Piraporinha já começaram a subir. Obra tem previsão para ser entregue em dezembro. (Foto: Gabriel Inamine/PMSBC)

Pelo menos cinco obras que envolvem as vias mais movimentadas do ABC não devem terminar antes do fim deste ano. São construções de pontes, viadutos, novas avenidas e terminal de ônibus. Essas intervenções, a maioria com duração de um ano ou mais, geram congestionamentos, demora nos deslocamentos e prejuízos imensuráveis em atraso de mercadorias, gasto de combustível e, claro, afetam o humor de todos que são obrigados a transpor esses trechos.

Não só obras grandes são problema para o já sobrecarregado trânsito da região. Obras menores, como uma simples recuperação do pavimento de vias movimentadas trazem transtorno. Em Santo André, uma dessas reformas do asfalto da rua Coronel Alfredo Fláquer, uma das mais movimentadas do ABC, causou congestionamentos por dias entre o final de agosto e início de setembro.

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Segundo a Prefeitura, as obras de revitalização estão em estágio avançado. “As intervenções incluem nova sinalização horizontal e vertical, troca dos abrigos de ônibus, renovação do pavimento, além de paisagismo completo e recapeamento asfáltico. Na última semana, o tráfego na via foi totalmente liberado, sem interdições. Durante todo o período de obras, a Operação Fluidez foi intensificada, com o suporte de agentes de trânsito e controle por meio de semáforos inteligentes”, diz a nota da Prefeitura.

Apesar do transtorno maior já ter passado, moradora da cidade, que preferiu não ser identificada, conta que o trajeto que ela fazia de ônibus que era rápido se transformou em duas horas. “Eu pegava a linha I-02 na rua Basileia às 10h40 e chegava as 12h20, ou seja quase duas horas de ônibus só para atravessar a cidade”, reclama. “Agora está um pouco melhor mas não está normal não”, completa.

O paço andreense ressalta que tomou medidas para minimizar os inconvenientes da obra. “As calçadas receberam melhorias durante o dia, enquanto a fresagem e recapeamento asfáltico, bem como a sinalização horizontal, foram realizados à noite para minimizar impactos no trânsito. Toda obra gera algum tipo de desconforto, infelizmente, e não é exclusividade de Santo André”, diz o comunicado.

Outra obra em Santo André é o Complexo Viário Santa Terezinha, cujas obras começaram há mais de dois anos, e afetam diretamente a avenida dos Estados e o viaduto Castelo Branco, que já teve sua estrutura recuperada. A Prefeitura informa que 75% das obras já foram concluídas. “Para facilitar o deslocamento dos motoristas, as obras em Santo André estão sendo atualizadas em tempo real no aplicativo Waze, com sinalização por faixas ao longo das vias e implantação de desvios para garantir o melhor fluxo de tráfego”, destaca o Paço.

Piraporinha

Em São Bernardo, em dois pontos da divisa com Diadema há obras importantes no sistema viário e que estão interligadas. Uma delas é a construção de um viaduto estaiado sobre a avenida Piraporinha, que vai permitir acesso da avenida Robert Kennedy à nova marginal do Ribeirão dos Couros, sem que o motorista pare no semáforo daquele cruzamento. A avenida Piraporinha é um ponto de estrangulamento do trânsito nos dois sentidos entre a rodovia dos Imigrantes e a Praça Bom Jesus de Piraporinha, já em Diadema. A obra visa resolver parte deste problema e também ligar a Robert Kennedy ao bairro do Taboão.

A previsão de entrega do viaduto estaiado é dezembro e as obras estão dentro do cronograma, segundo a Prefeitura. “Devido à estrutura existem interferências externas, como Enel e Next. Agentes de trânsito auxiliam diariamente no fluxo de veículos. Os casos de necessidade de fechamento do acesso à Robert Kennedy pela Piraporinha foram provisórios e de forma temporária, sempre precedidos da veiculação de informação aos usuários, seja por placas instaladas ao longo da Piraporinha ou por aplicativos de navegação, como Waze e Google Maps.

São Bernardo e Diadema têm trabalhado em conjunto para minimizar possíveis reflexos no trânsito, mas cada um responsável pela sua jurisdição. “A região sofre historicamente com congestionamentos diários no trecho, e a implantação do novo sistema tem objetivo justamente de atenuar esse problema”, sustenta a administração municipal.

Taboão

Outra obra importante no sistema viário entre São Bernardo e Diadema e é uma sequência da primeira, que é a transposição da avenida Corredor ABD também por viaduto que vai ligar a marginal do Ribeirão dos Couros a avenida 31 de Março, completando a ligação de Piraporinha com os bairros Paulicéia e Taboão.

Por causa da obra, o trecho entre a rua Brejaúva e o acesso à via Anchieta está interditado e o desvio é feito pela 31 de Março e pela pista contrária do corredor ABD o que tem gerado imenso congestionamento para quem vem de Santo André em direção a Diadema pela avenida Lions e no sentido contrário com reflexos até as avenidas Piraporinha e Fábio Eduardo Ramos Esquível.

Quem precisa passar por lá não esconde o descontentamento com o trânsito. A empresária do ramo de restaurantes, Gabriela Marques Soares Teixeira, diz que os prejuízos que enfrenta com o fechamento do Corredor ABD são imensuráveis. Gabriela usa o trecho diariamente para fazer compras e resolver outras questões dos dois restaurantes em Diadema.

Diz que faz o trajeto pelo menos quatro vezes na semana para ir aos atacadistas Assaí e Roldão comprar insumos para o restaurante. “Tem coisas que a gente só encontra lá, mas agora eu tenho demorado muito, tanto que procuro ir fora de horário de pico, mas mesmo assim o trânsito é muito difícil por ali. Mesmo com o trânsito de antes, eu deveria demorar, no máximo, 15 minutos até lá, mas estou levando mais do que o dobro do tempo, uns 40 minutos. Com esse calor e o ar-condicionado ligado, o consumo de combustível dispara”, aponta.

Em redes sociais, usuários relatam congestionamentos no Corredor ABD (Foto: rede social)

Gabriela conta que o prejuízo não se limita a combustível, uma vez que o tempo perdido na viagem de ida e volta causa outros atrasos e custos para o negócio. “Eu preciso voltar logo para os processos do restaurante não pararem. Toda vez que vamos para lá é um estresse. Estamos procurando outros lugares, mas os preços são diferentes”, afirma.

A Prefeitura diz que a obra está no curso normal. “As intervenções visam melhorar um problema crônico de deslocamento entre os bairros Paulicéia, Jordanópolis e Taboão, tanto no sentido de Diadema quanto no de Santo André. Foram adotadas diversas medidas efetivas para que o impacto fosse o menor possível no período. As equipes de operação de tráfego mantêm constante monitoramento nos trechos e, em caso de necessidade, são efetuadas ações operacionais para a melhoria da fluidez”, informa a nota.

A obra do Corredor ABD prevê construção de dois viadutos de aproximadamente 500 metros de extensão cada – um no sentido Diadema/Imigrantes e outro no sentido Santo André/Anchieta -, com três faixas de rolamento. O investimento nas obras dos viadutos é de R$ 57 milhões. As intervenções do complexo no geral, que englobam ainda alargamento de pistas, infraestrutura e remanejamento de postes, terão aporte de R$ 72 milhões. Quando lançada, a obra tinha previsão de um ano, o que deve levar sua entrega para meados de abril de 2025.

Obras do BRT na avenida Lauro Gomes, em São Bernardo (Foto: divulgação)

BRT

As obras do BRT do ABC também interferem nos deslocamentos. Uma transportadora escolar, que não quis revelar seu nome, diz que passa por trechos onde essas obras ocorrem na avenida Aldino Pinotti, e relatou muito atraso nos trajetos, chega a entregar alunos após o início da aula. “Como o Centro é travado para pegar a Lucas Nogueira Garcês e avenida Piraporinha, eu saio cortando pelo Nova Petrópolis para tentar chegar mais rápido. Gera gasto de combustível e atraso para entregar as crianças na escola. Essa semana, não sei o que aconteceu na Anchieta que parou e refletiu em várias vias, pois deixei crianças atrasadas nas escolas”, conta.

A motorista diz que as obras particulares também atrapalham, como a construção de um prédio entre as avenidas Aldino Pinotti e Vergueiro. Segundo o porta-voz do consórcio BRT-ABC, Flaminio Fichmann, as obras seguem o cronograma normal e devem ser concluídas no segundo semestre de 2025. O trajeto terá 18 quilômetros ao custo de R$ 950 milhões, custeado pela empresa de transporte. Quando pronto o BRT vai se interligar a três terminais: São Bernardo (Paço Municipal), Tamanduateí (Linha 2-Verde do Metrô e Linha 10 Turquesa da CPTM) e Sacomã (Linha 2-Verde do metrô e Expresso Tiradentes).

Mauá
Em Mauá, a construção do novo terminal de ônibus no Centro já leva mais de dois anos e a Nova Estação, como é chamada, terá ainda um centro de compras. A Prefeitura não informou quando a obra será entregue, enquanto isso motoristas e pedestres sofrem com as mudanças.

Enquanto essa etapa da construção ocorrer, os pedestres deverão utilizar a Passarela Central que foi totalmente reformada pela Prefeitura (Foto: Evandro Oliveira/PMM)

Uma faixa no sentido Centro do viaduto Papa João Paulo II foi interditada neste sábado e domingo (14 e 15/9), das 8h às 18h, para realização de obras da Nova Estação. “A interdição temporária é necessária para garantir a segurança dos motoristas e trabalhadores no local, e é recomendado que a atenção dos condutores que utilizam a via seja redobrada, assim como paciência. Alternativas de rotas estão sendo sugeridas para minimizar o impacto no tráfego durante os dias de obras”, informou a Prefeitura em comunicado.

Desde o dia 5 de setembro, os pedestres não devem mais usar a calçada do viaduto Papa João Paulo II por causa da obra. “A medida visa garantir a segurança de todos e também liberar parte da área para que a construção do centro comercial, anexo ao novo terminal, siga sua nova etapa. Por esse motivo, a Prefeitura orienta que os transeuntes realizem a travessia pela Passarela Central,  recentemente reformada e que oferece alternativa segura para os deslocamentos na região”, orienta a administração municipal.

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