A educação ambiental compreende os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. Para analisar como a didática está inserida no Ensino Fundamental das escolas públicas e privadas do ABC, a advogada e mestre em Administração pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Simone Maria Mozelli da Silva, resolveu a partir do seu mestrado investigar a presença da educação ambiental nas instituições educacionais da região.
Moradora de Ribeirão Pires, Simone comenta em entrevista ao RDtv que a cidade serviu de inspiração para iniciar o seu projeto, em que nota o descarte de toneladas de resíduos (alguns reciclados e outros não). “Comecei a imaginar o porquê dessa conduta de não separar o lixo de maneira sustentável. Desse modo, pensei em como as crianças de hoje, que serão os responsáveis do amanhã, se preparam para promover a sustentabilidade na escola, em casa e em suas comunidades”, diz a pesquisadora.
O estudo considerou 15 escolas (municipais, estaduais e privadas) do ABC para realizar o levantamento, sendo que apenas 5 apresentaram projetos consistentes em prol da educação ambiental. Dentre as dificuldades encontradas pela docente para a introdução da matéria esta a falta de flexibilidade na grade escolar que não permite a introdução da disciplina, além do pouco incentivo financeiro por parte dos governos. Desse modo, parte dos projetos voltados ao meio ambiente das escolas são desembolsados por professores e gestores (coordenadores e diretores).
Simone identificou dificuldades por parte dos professores ao desconhecer termos voltados ao meio ambiente, o que implica no repasse de informações aos alunos. “Por vezes, quando colocaram um professor para aplicar uma didática sobre educação ambiental, era alguém que não foi capacitado para a função”.
Educação ambiental no ABC
Após entrevistar professores e gestores das 15 unidades escolares selecionadas da região, a docente identificou destaques e falta de projetos voltados à educação ambiental. São Bernardo chamou a atenção por ser a única cidade a aplicar projetos nas escolas municipais, estaduais e privadas. Santo André e São Caetano promovem ações nas escolas municipais e estaduais, Ribeirão Pires nas municipais e particulares e Mauá nas unidades estaduais e particulares. Diadema não apresenta nenhum incentivo voltado à educação ambiental assim como Rio Grande da Serra, que possui somente escolas estaduais.
“As escolas particulares representam a minoria entre as instituições que promovem algum tipo de atividade. Acontece que os professores e gestores têm interesses para aplicar atividade voltadas ao meio ambiente em sala de aula, porém falta capacitar esses docentes”, comenta a advogada.
Após finalizar a sua pesquisa, Simone concluiu que “há falta de boa vontade” para implantar projetos educacionais voltados ao meio ambiente nas escolas. Além disso, reforça que as escolas municipais, estaduais e particulares precisam se responsabilizar por isso e aderirem como matéria obrigatória a disciplina, pois o impacto a longo prazo pode não ser favorável ao meio ambiente.
“Levar a educação ambiental para a sala de aula não só conscientiza e promove ações voltadas a sustentabilidade, mas estimula o desenvolvimento cognitivo das crianças que, quando em contato com a natureza, desenvolve sensações e expande o seu conhecimento através da educação”, diz Simone, que ainda reforça quando o aluno leva seus conhecimento para casa e expande a sensibilização em prol do meio ambiente.