
Se engana quem pensa que temperaturas mais amenas podem afastar drasticamente novos casos de dengue. Para se ter ideia, nos últimos três meses – entre abril e junho – as cidades do ABC apresentaram 22.809 casos da doença, um aumento de 112% no comparativo com o primeiro trimestre de 2024.
No levantamento feito com as prefeituras, Mauá lidera o ranking com 7.188 casos nos últimos três meses, alta de 103% no número de casos se comparado aos 3.540 casos registrados no primeiro trimestre deste ano. Além disso, 11 óbitos foram registrados entre os moradores da cidade desde o início do ano.
Entre janeiro e março deste ano, São Caetano contabilizou 2.377 casos de dengue, mas três meses depois, foram contabilizadas 6.066 ocorrências, alta de 155% no comparativo entre períodos. Pelo menos quatro pessoas morreram em razão da doença neste período. Em Diadema, os casos subiram de 2.357 nos três primeiros meses para 5.404, variação de 129%.
Nos últimos meses, São Bernardo contabilizou 3.471 casos da doença, enquanto nos primeiros três meses foram 2.203 casos, variação de 57%. Por conta da dengue, pelo menos dez pessoas morreram desde o início do ano. Já Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra apesar dos números serem menores na comparação com outras cidades, a alta também foi considerável. O primeiro município triplicou os índices ao passar de 148 casos para 566, e Rio Grande passou de 91 para 114 ocorrências.
Santo André não forneceu os dados até o fechamento da reportagem.
Aumento de casos
O aumento significativo da dengue na região é amplamente atribuído às variações climáticas extremas exacerbadas pelo aquecimento global. O outono de 2024 começou em 20 de março e foi marcado por temperaturas intensas e chuvas fortes, condições ideais para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Em entrevista ao RD, o infectologista e professor Juvêncio Furtado, do Centro Universitário FMABC, alertou para o potencial de expansão da doença durante este período. “Estamos em uma época que o clima não é muito confiável. Com o aquecimento global, há um aumento na eclosão dos ovos do mosquito, o que leva a um aumento no número de larvas, mosquitos e, consequentemente, casos de dengue”, explica o especialista.
Recomendações
A recomendação médica é a de que os moradores de casas e apartamentos cubram tonéis e caixas d’água, mantenham calhas limpas, garrafas com a boca para baixo, lixeiras tampadas, ralos limpos e com aplicação de tela, além de lavar semanalmente pratos de vasos de plantas ou eliminá-los. É importante também higienizar os potes de água para animais e as bandejas de geladeiras que causam acúmulo de água parada.
No caso de sintomas como febre alta, dores no corpo, dores de cabeça e atrás dos olhos, além de erupções na pele, recomenda-se buscar o quanto antes um especialista.