Junho é um mês marcado por movimentos em prol da comunidade LGBT+, com manifestações de conscientização e combate ao preconceito e à discriminação. No ABC, apesar dos esforços e atuação constante de entidades que apoiam a causa, ainda existem desafios significativos a serem superados, especialmente no que se refere à empregabilidade e inclusão da comunidade. É o que afirma o coordenador do GT (Grupo de Trabalho) LGBTQIA+ do Consórcio Intermunicipal do ABC e coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema, Robson de Carvalho, em entrevista ao RDtv.
De acordo com Carvalho, a empregabilidade é fator principal de apoio e que está em déficit no ABC, pois apesar das cidades oferecerem feirões de emprego, falta capacitar a população LGBTQIAP+ e oferecer espaços para profissionalização e qualificação. “É algo que não vemos em escolas ou cursos e que seria fundamental para introduzir a comunidade no mercado de trabalho”, afirma o coordenador do GT. Segundo ele, para além da ação efetiva, é fundamental que os indivíduos sejam conscientizados da importância de se capacitarem a fim de garantirem melhores oportunidades de emprego.
Outra demanda que na visão de Carvalho segue em destaque envolve ouvidorias ativas para receber casos de homofobia ou qualquer outra forma de discriminação. Para Carvalho, as pessoas têm medo de denunciar por receio de algo aconteça. “Por isso temos que desenvolver atividades proativas, de porta em porta, para conscientizar do quão inadmissível é o preconceito e como as pessoas LGBT+ possuem espaço para realizar denúncias”, defende.
Segundo o CGB (Grupo Gay Bahia), em 2023, o Brasil registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBT+, sendo três mortes a cada dois dias, número alarmante que mantém o Brasil no topo da lista de países mais homotransfóbicos do mundo. “Esse número é extremamente preocupante, pois envolve uma violência advinda de discriminação que também afeta outras populações, como mulheres e negros”, diz Carvalho.

Para combater as estatísticas, o coordenador ressalta, ainda, sobre a necessidade da implantação de políticas públicas buscadas pelo Grupo de Trabalho LGBTQIA+, entre elas o mapeamento de organizações da sociedade civil que acolhem pessoas dessa população, identificando necessidades e avaliando os projetos desenvolvidos pelas mesmas, bem como exigindo das esferas municipais, estaduais e federais que apoiem essas associações.
Dentre as cidades da região, apenas Rio Grande da Serra está em fase de implantação de acolhimento à população LGBT+, as demais já possuem entidades dedicadas. Além disso, o GT fortalece a atuação da saúde em programas que atendam principalmente transgêneros, e está desenvolvendo mapeamentos da população LGBT+ na região para identificar mais demandas.
Atividades programadas
Como coordenador do GT LGBTQIA+ do Consórcio Intermunicipal do ABC, Carvalho diz também que existem diversos projetos apresentados pelos municípios da região que não são divulgados e que precisam chegar na sociedade. Entre as atividades planejadas neste ano, já estão programadas paradas em São Bernardo (15 de setembro), em Santo André (10 de novembro) e em Mauá (última semana de novembro), com mais informações ainda a serem detalhadas pelos organizadores dos eventos.
“Todo dia temos que nos orgulhar de quem somos e entender que temos o direito de sair na rua com quem quisermos. Principalmente neste momento, início do período eleitoral, peço que os candidatos tenham um olhar para essa população que precisa desse apoio”, comenta Carvalho.