O rap é um estilo musical dentro do hip hop que aborda assuntos diversos, como o preconceito, racismos e questões do cotidiano, além de fazer críticas sociais sobre temas que estão ou não em ascensão. No entanto, trabalhar nessas temáticas através da arte ainda é um desafio redobrado quando se é artista independente e falta apoio financeiro do poder público, que em grande parte das vezes, repassa verba mas não atinge grupos e artistas do gênero que dependem desse aporte para promover sua arte.
Ao RDtv, Eder Luiz, mais conhecido como Edaum, rapper, compositor, sneakerhead e amante da cultura hip hop, comenta sobre sua vivência e desafios no mundo do rap, trajetória na qual iniciou em 2006. “Sempre me reunia com dois amigos em uma praça de Santo André para jogar basquete. Até que fizemos outros amigos, que já eram rappers, e sempre nos convidavam para ir aos shows. Com isso, chegou um momento em que chamaram a gente para cantar e nesse instante fundamos o grupo Três Pilares”, conta o rapper.
Edaum lançou este mês o videoclipe da sua música solo intitulado “Raps & Tags”, já disponível no YouTube. Também disponível em plataformas como Spotify, Deezer e YouTube Music, o clipe foi gravado inteiramente em Santo André, e não é mera coincidência. “Lembro que no dia que gravamos o clipe estava uma noite bem fria, o que deu mais atmosfera para as gravações. Mostramos alguns pontos que foram importantes na construção da minha carreira, me deixando feliz por homenagear a cidade e pela gravação excelente”, comenta. Nesta música, foram abordados temas do cotidiano, principalmente da época pré-pandemia da covid-19, bem como alguns “rolês” que ele fazia aos finais de semana.
Apesar da produção excelente do ponto de vista de Edaum, ele comenta que a maior dificuldade encontrada foi a financeira, pois, segundo ele, é mais benéfico juntar verba para investir em profissionais que entregarão um resultado de alta qualidade para atingir o ponto certo da obra, mesmo que demande tempo.
O rapper comenta, ainda, que os artistas de rap não possuem incentivos diretos do governo, impossibilitando o início de carreira de muitos grupos e artistas do gênero. “O hip hop sempre andou com as próprias mãos e pés. Fico feliz por conseguir concluir esse projeto que defino como o melhor da minha carreira, que foi do jeito que queria e que teve uma ótima recepção do público”, comenta. Além de contemplar o seu videoclipe lançado, Edaum diz que sua motivação vem principalmente dos seu amigos.
Por atuar na cena de rap do ABC por 18 anos, Eder acompanhou diversos movimentos que se criaram dentro do hip hop, o que possibilitou a inserção de novos públicos como protagonistas, como o surgimento de MCs femininas, e a quebra de tabu em relação ao estilo de vida. “O ambiente do hip hop já foi machista por muito tempo, e hoje fico contente de ver que muitas ‘minas’ lançam trabalhos bem bacanas. Além disso, graças a criação de diversas vertentes dentro do rap, sinto que hoje não há tanto preconceito em comparação a anos atrás”, comenta.
“É uma sensação ótima de alguém chegar em você e dizer ‘cara, estava muito triste e sua música conseguiu me animar’. A música tem esse poder de provocar um sentimento, e se isso acontecer com as músicas que produzo, já valeu todo o trabalho”, diz o rapper andreense Edaum.