Com objetivo mapear e monitorar os níveis de poluição sonora nas áreas urbanas da região, a USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) deu início a um trabalho de iniciação científica com os alunos do curso de Medicina para investigar e criar um mapa de ruídos em diversos locais estratégicos no ABC.
Em entrevista ao RDtv, a bióloga e coordenadora do IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS, Marta Marcondes, conta que a ideia do projeto surgiu a partir de uma provocação do moradores que vivem em torno do Polo Petroquímico do Capuava, em Santo André, que reclamam frequentemente do barulho das máquinas do Polo. “Esse mapa será montado a partir de uma série de decibelímetros para medir o volume, medido em decibéis e, queremos analisar locais que possuem mais de 70 decibéis, número que começa a causar alterações na capacidade auditiva do ser humano. Acreditamos que daqui seis meses já teremos parte desse mapa de locais com maior poluição sonora no ABC”, explica.
Além do mapa de ruídos, o IPH também realiza uma nova pesquisa a respeito de hormônios e antibióticos que são lançados no esgoto e pode chegar nas áreas de mananciais. “Essa pesquisa tem o objetivo de discutir a importância de descartar corretamente os medicamentos para evitar a degradação das águas de rios e córregos, o que impacta diretamente nas represas, nascentes e lençóis freáticos. Trata-se de uma pesquisa em conjunto com a USP (Universidade de São Paulo) e também com um grupo internacional de pesquisas”, comenta a professora.
Nesta quarta-feira (05/06) é o Dia Mundial do Meio Ambiente e tem como objetivo promover atividades de proteção e preservação do meio ambiente e criar debates e reflexões sobre os vários problemas ambientais que o planeta Terra enfrenta ou enfrentará com as mudanças climáticas.
Marta ressalta que a data serve como uma momento de lamentação no Brasil, ainda mais depois das tragédias no Rio Grande do Sul e que, o essencial nesta data é abrir espaços para discutir a importância do ambiente para a qualidade de vida e para a existência do ser humano. “Mais do que nunca, passamos por um momento em que temos certeza de que devemos repensar a questão ambiental para a sobrevivência da raça humana. Precisamos aproveitar que muitos munícipios estão atualizando seus planos diretores para dar uma atenção especial para o meio ambiente na criação de novas políticas”, diz.
A bióloga acrescenta ainda que não faltam alternativas para que cidades, estados e países incluam soluções locais para evitar as mudanças climáticas e que desastres como o do Sul não se repitam. “A sociedade civil pode e deve exigir que audiências públicas ou uma discussão de um plano diretor sejam feitas com a escuta da população, já que o povo é parte decisiva para a tomada dessas decisões. É interessante que esses debates sejam realizados no fim da tarde, à noite ou nos finais de semana para garantir que todos tenham a chance de participar, mesmo que depois de um dia de trabalho”, orienta.
Marta também recomenda que o poder público tenha a disponibilidade para escutar acadêmicos e pesquisadores presentes nas universidades. “Existem diversas pesquisas dentro das faculdades que podem oferecer alternativas para melhorar a questão ambiental em cada cidade, oferecemos resultados que podem ser de um impacto positivo muito significativo para um plano de governo”, finaliza. Assista a entrevista.