Embora seja um aspecto essencial da saúde feminina, a menstruação muitas vezes é cercada por tabus, estigmas e falta de acesso a recursos básicos, o que pode impactar negativamente a vida e o bem-estar das mulheres em todo o mundo. Mas apesar do acesso aos absorventes ser um grande problema na sociedade atual, a saúde menstrual também engloba qualidade de banheiros públicos, seja de escolas, restaurantes ou outros espaços e falta de incentivo à educação menstrual.
Em entrevista ao RDtv, a especialista em educação em sexualidade, pós-graduanda em educação comunitária e idealizadora do projeto ” Ser de Fases – Ciclos de Oficinas de Saúde, Educação e Cultura Menstrual”, Amanda Abreu, afirma que garantir a dignidade menstrual é uma questão de saúde pública e, o acesso a produtos menstruais adequados, como absorventes e coletores menstruais, é essencial, mas é apenas uma parte do que constitui uma menstruação saudável. “É importante que escolas, empresas e espaços públicos forneçam instalações sanitárias adequadas e boas condições de higiene para que as mulheres possam gerenciar sua menstruação com conforto e dignidade. Além disso, é essencial promover programas educacionais abrangentes sobre saúde menstrual em escolas, comunidades e locais de trabalho para garantir que todas as mulheres tenham acesso a informações precisas sobre seu ciclo menstrual, higiene menstrual e sintomas de problemas de saúde”, diz.
Com isso em mente, Amanda idealizou o projeto “Ser de Fases” para jovens moradoras das comunidades do Jardim Santo André, Vila Rica e outras comunidades de Santo André. O projeto, que já envolveu mais de 30 jovens em suas atividades, tem como foco oferecer um espaço seguro e informativo para que meninas que menstruam ou estão próximas da primeira menstruação possam compreender melhor seu ciclo menstrual e desmistificar tabus associados a ele.
“Nós utilizamos arte, jogos da memória, vídeos educativos e músicas para transmitir conhecimentos sobre o funcionamento do aparelho genital feminino, as diferentes fases do ciclo menstrual e para responder às principais dúvidas das meninas. Também ensinamos como mapear o ciclo menstrual para que elas possam perceber as mudanças fisiológicas e emocionais que acontecem em cada fase da menstruação”, completa.
A idealizadora destaca que falta de conhecimento contribui para a manutenção dos vários tabus que acercam a menstruação, seja a secreção, cheiro da vulva ou da menstruação, a cor, o formato. “É necessário desconstruir esses pensamentos e construir outra maneira de se relacionar com o corpo e a menstruação, mudando essas narrativas de que menstruar é sujeira, que menstruar vem com dor, que a dor faz parte da menstruação. O projeto propõe mudança para uma narrativa mais positiva em relação à menstruação, ver como algo natural do corpo, que o sangue é sinal de saúde e através dele se pode saber como está a sua saúde”, acrescenta.