Apesar de ter conquistado uma série de direitos nos últimos anos, a população LGBTQIA+ ainda sofre com preconceito, violências e discriminação. Tais situações deixam marcas profundas que impactam não só na saúde física, mas mental desta população. Um estudo feito pela pesquisadora Andreia da Fonseca Araújo, sob orientação da professora Rosa Frugoli, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista, aponta que a LGBTFobia, a discriminação e o preconceito direcionados a pessoas gays e lésbicas estão fortemente associados ao desenvolvimento de novos casos de transtorno de ansiedade e de depressão nesta população.
Em entrevista ao RDtv, a psicóloga e pesquisadora, Andreia da Fonseca Araújo, explica que ao longo do estudo, 12 participantes de pesquisa compartilharam suas histórias e revelaram as múltiplas facetas do sofrimento que enfrentaram. “Esses testes foram feitos para verificar o sofrimento nessa população e como ele impactava na saúde física e mental de cada um. Levamos dois anos para desenvolver todo o estudo e identificamos que havia um grau bastante acentuado de sofrimento nas pessoas LGBT em relação ao preconceito vindo de algumas categorias, em especial a família e a questão religiosa”, diz.
A professora do Mestrado-Doutorado em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista, Rosa Frugoli, destaca que além da família e da esfera religiosa, outros grupos que impactam no grau de sofrimento das pessoas estudadas inclui amigos, policiais e até a esfera política.
“Na nossa sociedade, temos uma questão de sintomas de ansiedade e depressão muito forte no ponto de vista coletivo, mas quando recortamos para a população LGBTQIA+, é possível notar que em função deles sofrerem LGBTFobia, os sintomas acabam se revelando como transtornos, porque eles se afligem mais por conta dos estigmas criados pela sociedade”, complementa.
A pesquisa também destaca a importância da inclusão social e da criação de redes de apoio para garantir uma vida digna para todos. “Uma pessoa com uma orientação sexual ou uma identidade gênero que diverge da cis normatividade, carrega consigo mesma um grande problema, mas essa resistência não é própria e sim criada por outras pessoas. Esse preconceito estimula uma série de situações graves que fazem com que a população LGBT vive com medo e, esse medo traz consequências para a qualidade de vida da pessoa, o que é muito grave”, acrescenta Rosa.
Andreia ressalta ainda que existe uma necessidade urgente de conscientização e educação sobre diversidade sexual identidade de gênero e que é de extrema importância ouvir as vozes da comunidade LGBTQIAPN+, oferecendo uma perspectiva genuína sobre suas experiências. “Este estudo não apenas visa ampliar o entendimento sobre a realidade enfrentada por gays e lésbicas, mas também tem como objetivo impulsionar ações concretas para combater a violência e promover o respeito à diversidade humana. Ao destacar o sofrimento advindo da LGBTfobia, e as lutas dessas pessoas, a pesquisa busca catalisar mudanças positivas em direção a uma sociedade mais inclusiva, sensível e humanitária”, finaliza.