
Nove meses após o acidente que matou um casal na avenida Prestes Maia, em Santo André, moradores da favela Tamarutaca ainda precisam se arriscar para atravessar a via. Em agosto do ano passado, o pneu de um caminhão se soltou e atingiu Tainá Teixeira da Silva, de 16 anos, e Flávio Almeida Ferreira, de 21. A morte do casal reacendeu a discussão sobre a necessidade de se construir uma passarela para diminuir os riscos de acidentes na região.
Após protestos dos moradores, a Prefeitura prometeu na época realizar a obra. A reivindicação é que fossem construídas duas passarelas. Mas ao invés de cumprir a promessa, a Administração adotou medidas paliativas para minimizar o problema. Um dos pedidos da população, a instalação de um semáforo no trecho da avenida que fica próximo à entrada da comunidade, também não foi atendida.
A Prefeitura decidiu pintar uma faixa de pedestres e disponibilizar agentes de trânsito nos horários de pico para permitir que os moradores atravessem em segurança. Para conter o tráfego de veículos e não colocar em risco a vida dos próprios agentes, duas das três faixas são interditadas com cones em três períodos do dia. Os agentes trabalham entre as 6h45 e 8h, das 11h45 às 13h e das 16h45 às 19h. De acordo com a Prefeitura, os horários foram definidos levando em conta a entrada e saída de alunos das escolas circunvizinhas.
Queixas
A medida, porém, não é suficiente para resolver o problema, já que fora dos horários de pico e nos finais de semana o perigo continua. “Quando esses guardas estão aí tudo bem, mas quando vão embora fica tudo na mesma, não melhorou nada”, reclama a dona de casa Maria Alaíde da Conceição, que reside há 34 anos no bairro.
Funcionário de pequeno comércio na entrada da comunidade, Paulo Ricardo Viana mora na vila Luzita e precisa atravessar a avenida Prestes Maia todos os dias após descer no ponto de ônibus. “É complicado, principalmente pra mulher que carrega criança, são muitos carros. Vai atravessar como ali?”, reclama.
“É um sacrifício passar nessa faixa de pedestres. É um sacrifício para atravessar. No horário de pico tem os guardas de trânsito, mas fora desse horário volta a mesma coisa de sempre. Se você tentar ultrapassar os motoristas passam por cima, não nos respeitam”, reclama o frentista Augusto César Gomes da Silva.
Promessa é de semáforo
Questionada pelo RD, a Prefeitura de Santo André informou que o plano para construir as passarelas continua de pé, mas não há prazo para que o projeto saia do papel. “A construção da passarela encontra-se em fase de estudo técnico de impacto de vizinhança, em razão da identificação de moradias que estão no percurso da realização da obra”, informou a Administração em nota.
A Prefeitura informou, ainda, que vai tomar medidas para aumentar a segurança dos pedestres que precisam atravessam a Prestes Maia. “O Departamento de Trânsito instalará de imediato lombofaixa (controlador de velocidade) e farol de sinalização para minimizar os problemas no local”. Também não há previsão para que estes recursos sejam implantados.
Passarela amedronta pedestres
Nem sempre a instalação de passarela é sinônimo de tranquilidade. Se por um lado a passagem auxilia o pedestre a atravessar com segurança, por outro pode trazer dor de cabeça para quem utiliza o equipamento.
É o caso dos usuários da passarela Paulo Estevam da Silva, localizada na avenida dos Estados, entre a Craisa e a avenida da Paz, em Santo André, ao lado do núcleo habitacional da vila Metalúrgica. “À noite é muito perigoso. O pessoal usa droga, não há nenhuma segurança”, reclama um morador local que preferiu não se identificar.