Em cerimônia realizada segunda-feira (01/04), no Clube Aramaçan, em Santo André, a nova diretoria do Sintetra (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes Rodoviários e Anexos do ABC) foi empossada para um mandato de cinco anos. A gestão do presidente Leandro Mendes foi reeleita com 97% de aprovação da categoria, que atualmente conta com 35 mil trabalhadores na base, 6 mil deles sócios do sindicato. A meta a que Mendes se propõe é ampliar benefícios como o convênio médico extensivo aos familiares do trabalhador, auxílio funeral, aumentar em dois mil o número de associados, além de repetir o êxito das últimas campanhas salariais que trouxeram aumento real para a categoria.
Leandro Mendes participou do RDTv desta quinta-feira (04/04) e falou sobre essas metas e sobre o trabalho do sindicato na organização da categoria e como é a negociação com as empresas. O Sintetra representa motoristas de ônibus urbanos, ônibus fretados, motoristas de caminhões de carga, motoristas de ônibus de turismo e os motoristas dos setores de limpeza urbana e gás. Mendes, concluiu o mandato iniciado pelo pai Francisco Mendes da Silva, que comandou a entidade desde os anos 80. Agora ele assume o próprio mandato com amplo apoio dos trabalhadores, mesmo assim renovou sua diretoria.
“Estou na presidência há três anos; eu assumi mandato do meu pai e agora, eleito com 97% de aprovação, tenho mandato que é meu e minha responsabilidade aumenta mais ainda. Montei diretoria nova, pois achei que precisava dar uma renovada. Tem que renovar; tivemos várias conquistas e foram boas naquele momento, mas a gente tem que avançar”, disse o sindicalista em entrevista à jornalista Mariana Fanti.
Mendes falou sobre a meta principal que é unificar os pisos, que hoje são dois, o de motorista convencional e o de ônibus menores, os midis. “No ano passado buscamos a recomposição da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e nesse ano tenho compromisso dessa meta de piso único. Outra coisa é colocar os dependentes também no convênio medico, é difícil a gente precisar levar uma esposa ou um filho na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) porque não tem convênio, só tem se pagar à parte. Tenho que honrar esses compromissos.
Outra meta é aumentar o número de sócios dos atuais seis mil para oito mil até o final do mandato. “Parece pouca coisa, mas é difícil, porque perdemos muita gente nos últimos anos. A maioria das empresas não tem mais cobradores, então perdemos muitos trabalhadores nessa área, o pessoal de carga é difícil, nos fretados muitas empresas fecharam, então foi diminuindo, então tenho que mostrar serviço para conquistar esse pessoal, mas tenho certeza que vou trazer esses dois mil sócios que é nosso sonho”.
Mendes recorda como foi difícil administrar a crise entre patrões e trabalhadores durante a pandemia da covid-19. “Pegamos pandemia sem reajuste, tiraram PLR e também queriam tirar o tíquete. Nós fomos o primeiro sindicato a ter as vacinas, fizemos protesto e fomos vitoriosos, foi logo no começo do meu mandato, quando vi vários trabalhadores morrendo de covid. No segundo ano, voltamos com 50% do PLR, que foi de R$ 1.500 naquele momento e sem metas. Em 2022 quando a inflação estava dando 10,48% nós pegamos 12% de reajuste no convencional e 25% para o pessoal do midi. Em 2023 onde era 5% nós pegamos 7% e no midi 10%. Vamos sempre pegando um pouco a mais no midi para não distanciar muito do convencional”, enumera.

Mas a negociação não é fácil e as conquistas são galgadas degrau a degrau conforme relata Mendes. “A gente começa com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e pede 10% de aumento real, onde chega 1%, 2%. O empresário vai falar que aumentou o diesel, eles querem ganhar dinheiro, ninguém abre empresa para não ganhar dinheiro, mas tem que entender o lado do funcionário também, se aumentou o díesel, aumentou o gás também, o motorista tem carro, aumentou a gasolina. Tudo que aumenta para ele aumenta para nós também. A gente vai lá (mesa de negociação) não é para brigar, é para conversar e tentar fazer eles entenderem o que a gente está passando. Eu os respeito e eles me respeitam e digo para eles que nunca paguem para ver, porque eu jamais vou trair uma categoria. Eu sei quanto custa uma greve, mas tudo tem o momento certo, tem que fazer para conseguir conquistar nossos objetivos, não fazer por fazer”, relata.
Apoio
A solenidade de posse da diretoria do Sintetra contou com a presença de autoridades e sindicalistas, entre eles o ex-prefeito de São Bernardo e atual ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), com quem Leandro Mendes quer conversar muito para pedir apoio e recuperar alguns direitos trabalhistas perdidos. “Vamos falar com ele sobre alguns direitos trabalhistas que estamos perdendo. O cobrador acho que não vamos conseguir nunca mais, mas pode se ter um ajudante de bordo, pois hoje o motorista tem que atender deficiente e com isso parar, puxar o freio de mão, descer, operar a plataforma e depois volta. O motorista não pode usar celular enquanto dirige, mas pode cobrar passagem, ajudar cadeirante e ainda tem que prestar atenção para não tomar multa que a empresa cobra dele. Vamos pedir para o ministro nos ajudar, mas os deputados federais e estaduais. Então nessa questão do apadrinhamento estamos bem fortes”, diz Leandro Mendes que ao final da entrevista prometeu que a campanha salarial deste ano terá uma luta muito forte. “Os empresários virão com choradeira, vai ser um caminhão de lágrimas, mas vamos sair vitoriosos”, completa.