ABC - quinta-feira , 2 de maio de 2024

Gerenciamento de sangue pode reduzir perdas significativas em transfusões

Para minimizar a perda de sangue em procedimentos cirúrgicos, algumas estratégias surgem como opção para ir de frente com a situação, tendo em vista a queda do volume de bolsas de sangue para transfusões, assim como apontou o Inca (Instituto Nacional de Câncer), com a diminuição em 30% no período de setembro de 2023 em relação a setembro de 2022. Ao RDtv, Carlos Eduardo Panfilio, docente dos cursos da Escola de Saúde da USCS, e pós-doutorando pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, comenta sobre o Gerenciamento do Sangue do Paciente, projeto que visa não só promover economia aos cofres públicos, mas reduzir a quantidade de sangue perdida em cirurgias.

O gerenciamento do sangue do paciente (em inglês, PBM – Patient Blood Management) consiste na combinação de medicamentos, equipamentos e/ou técnicas cirúrgicas, que envolvem aumentar a formação de células sanguíneas, controlar a perda de sangue, maximizar a tolerância à anemia e tomar decisões centradas no paciente. “É um tema muito novo no Brasil, e que deve ser levado a sério por se tratar de um procedimento que pode otimizar todo o processo cirúrgico”, diz Panfilio.

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(Foto: Reprodução/RDtv)

Sobre a necessidade da inclusão desse programa nos hospitais, o professor comenta que ao realizar uma transfusão, o corpo da pessoa que recebe o sangue sobre uma agressão imunológica, levando a casos do paciente sofrer com infecções, maior tempo de internação, e até em casos mais graves, a mortalidade.

O gerenciamento se baseia em três pilares. O primeiro, consiste em preparar o paciente para a cirurgia, tratando de possíveis desvios como anemias e problemas na coagulação sanguínea. Em seguida, envolve a aplicação de técnicas e ferramentas que possam inibir a perda de sangue, fazendo com que o sangue retirado seja filtrado e retorne ao campo cirúrgico, além do uso de medicamentos específicos. Por último, o pós-operatório, que consiste em estancar a maior quantidade possível de sangue e reduzir o numero de coletas realizadas após o procedimento cirúrgico. Mesmo que seja direcionado ao paciente cirúrgico (que teve sua cirúrgica pré-programada), o programa também engloba pacientes em situações de emergência.

Para que o gerenciamento do sangue do paciente apareça nos hospitais públicos e privados, Panfilio destaca a participação da gestão pública como parte primordial do processo. Isso porquê, em 2021, a OMS (Organização Mundial da Saúde) publicou em nota a necessidade da criação de gerenciamentos de sangue em todos os países. “Estados Unidos e Austrália já estão implantando os procedimentos, e no Brasil não deve ser diferente. É essencial que esse projeto seja tratado como necessidade de saúde nacional, sendo conduzido pelo Ministério da Saúde, logo para os estados e enfim para os municípios”, diz. Ainda reforça que a participação de equipes médicas qualificadas e sensibilizadas tornam o projeto possível e viável de ocorrer nos hospitais dos País.

“Já temos evidências o suficiente para mostrar o potencial do PBM. É fato que este programa resulta em segurança para o paciente, economia, simplicidade, eficácia, e trabalho em equipe, além de reduzir significativamente a perda de sangue em procedimentos cirúrgicos”, comenta Panfilio

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