A Folia de Momo já começou, porém, sem muito espaço no ABC. Enquanto São Paulo e outras cidades da região metropolitana aproveitam para faturar no Carnaval, o ABC fica com os festejos restritos há poucos eventos. Para os especialistas ouvidos no RD Momento Econômico – Debate desta sexta-feira (02/02), a falta de organização na região reduz a possibilidade de ganhos financeiros para os mais diversos setores durante os meses de janeiro e fevereiro.
Com os desfiles das escolas de samba jogados para escanteio há uma década, poucos espaços ainda mantêm seus blocos carnavalescos, mas sem que isso gire em grandes eventos que possam ser aproveitados pelos comerciantes, principalmente nos dois primeiros meses do ano, período considerado de menor consumo pelos economistas.
“O Governo (na verdade, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC) fala em R$ 9 bilhões de movimentação no Carnaval deste ano, é muito dinheiro. Poderíamos estar aí, porque tantos as verbas federais quanto as verbas estaduais têm muito dinheiro para o turismo”, inicia Alexandre Damásio, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojístas) de São Caetano.
“Nós temos aqui na nossa região cidades com (título de) estância (turística, no caso Ribeirão Pires) ou com rubrica de área turística (os MITs – Municípios de Interesse Turístico) e o que ocorre é um problema que temos arrastado há alguns anos que é a falta de governança, que é a falta de planejamento”, segue Damásio.

Mesmo que nos últimos os anos os municípios tenham se movimentado para conseguir patrocínios para diversas festas como festivais de inverno e verão, aniversários das cidades e as festas de Natal, o Carnaval acabou de fora dessas iniciativas, mesmo com os esforços das ligas das escolas de samba para retomar esse processo.
“Falta mesmo pensar o quanto o Carnaval vai trazer para a nossa região em ternos de recursos. Olhando para São Paulo, vai se movimentar mais de R$ 16 bilhões com o Carnaval. Então é uma cifra enorme e que via gerar o desenvolvimento da cidade, gera emprego, gera renda. O Carnaval hoje é uma das datas mais importantes em termos de consumo, porque o Carnaval traz o turista, ele traz o folião de outros lugares”, explica José Roberto Rodriguez Silva, Delegado Municipal do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo) em Ribeirão Pires.
Ambos consideram que as prefeituras poderiam reduzir a resistência sobre a festa e liderar outras entidades como as associações comerciais, blocos carnavalescos, liga de escolas de samba e grupos da área de Turismo para conseguir emplacar um planejamento para a organização de atividades de Carnaval.
Damásio chegou a indicar a possibilidade de chamar empresas que contam com uma imagem ruim perante o consumidor, como a Enel, para que possam patrocinar as festas e assim melhorar a visão que o munícipe tem dessa empresa. Assim, o Poder Público evitaria um gasto alto com a festa.
Outro apontamento dos especialistas é a necessidade de auxílio para as ligas e assim fazer com que elas não tenham problemas nos relatórios de prestação de contas, algo que foi um dos principais pontos para o fim dos desfiles em 2013. Assim, todas podem seguir tranquilamente com a festa, sem gerar problemas, e garantir assim que comerciantes e ambulantes possam aproveitar para faturar.