
O Pró-Iphac (Grupo Técnico de Estudos dos Bens Culturais) de Diadema, órgão do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico da cidade esteve reunido nesta quarta-feira (17/01) com cinco secretários municipais, das pastas de Cultura, Educação, Obras e Serviços Urbanos, Habitação e Governo, para tratar da demolição do Observatório Astronômico, ocorrida na sexta-feira (12/01).
O conselho não foi comunicado da decisão da prefeitura em derrubar o prédio e só ficou sabendo quando as máquinas já tinham terminado a demolição. Como o imóvel era um dos 33 que figuram na lista de bens de interesse histórico e cultural da cidade, o conselho deveria ter sido comunicado.
Para a presidente do conselho, Maria Luísa Gagliardi, a prefeitura não poderia ter feito a obra sem consultar o conselho. “Eu entendo que essa é uma irregularidade, agora estamos buscando negociar alguma ação para mitigar o prejuízo, uma vez que o Observatório não existe mais. Uma dessas medidas pode ser a criação de um memorial lembrando a história do lugar ou ainda até a criação de um novo equipamento, isso vai ser estudado no projeto que a prefeitura tem para o terreno”, analisa. A prefeitura quer construir uma creche no local onde ficava o observatório e o centro cultural do bairro.
A prefeitura ficou de apresentar uma série de documentos para o Pró-Iphac, desde os que comprovem a impossibilidade de reformar o prédio e também o projeto da nova creche. “O observatório inspirou muita gente e sua história não pode ser esquecida”, diz Maria Luísa.
Em nota, divulgada nesta quarta-feira (17/01) a prefeitura informou que o acervo do Centro Cultural foi transferido para a Praça Céu das Artes. A administração diz que os prédios foram demolidos porque não ofereciam segurança após anos de abandono. “A estrutura dos prédios estava seriamente comprometida após anos de abandono e sua reforma, conforme foi estudado pela atual gestão nos últimos meses, não se mostrou viável. Por esse motivo, os prédios foram demolidos na última semana. O Centro Cultural abrigava o Observatório Astronômico, criado em 1992. Apesar do grande desejo da gestão do prefeito José de Filippi (PT) de manter o Observatório em funcionamento, a deterioração das instalações exigiu que o prédio fosse demolido por questões de segurança. Os equipamentos que ainda estavam no local, como o telescópio, estão em posse da Secretaria de Educação. A creche que deve ser construída no local teve o seu projeto apresentado para o governo federal e pleiteia verbas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Será um equipamento com cinco salas e capacidade para atender 94 crianças em tempo integral. A região Sul da cidade é a que tem maior demanda por creches”, informa nota da administração.
Num primeiro momento a prefeitura alegou que iria construir um novo equipamento em parceria com a Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo) depois reformulou seu posicionamento dizendo que há apenas um acordo de cooperação técnica para a capacitação dos professores e para o atendimento dos estudantes na área de astronomia. A secretária de Educação, Ana Lucia Sanches, disse que os detalhes do termo de cooperação estão sendo discutidos entre a Unifesp e a equipe da Secretaria. “Queremos trabalhar o ensino de astronomia com as crianças, levando-as a outros equipamentos, qualificando os professores. Queremos retomar esse trabalho de maneira séria”, completa a gestora.
A prefeitura disponibilizou em seu site o acordo de cooperação técnica com a Unifesp onde, segundo ela estaria previsto o ensino de astronomia, mas não está. Há menção apenas no plano de trabalho que estipula o que se pretende com o contrato, esse plano aponta aulas de astronomia, nas escolas e também passeios monitorados de alunos da rede municipal a locais como o Sabina, que fica em Santo André, o Planetário do Ibirapuera e o Cientec- USP, ambos na Capital. Porém esses locais não contam com observatórios, apenas planetário e museu interativo.