
Se as redes sociais entraram em definitivo nas campanhas eleitorais, principalmente a partir da disputa de 2018, agora a pré-campanha também ganhou protagonismo na internet. A melhora na produção de vídeos, a divulgação de mensagens de divulgação e até os podcasts entraram na mira dos pré-candidatos da região, que buscam manter seus nomes nas mentes dos futuros eleitores.
Em Diadema, o atual prefeito José de Filippi Jr. (PT) diversificou ainda mais as suas postagens nas redes sociais. Além dos vídeos que buscam divulgar os feitos da gestão, memes e publicações com integrantes do governo federal viraram algo constante. Enquanto isso, o seu principal adversário, Taka Yamauchi (MDB), aposta em mensagens de motivação e em um podcast, momento que aproveita determinados temas para comentar sobre o cenário na cidade, principalmente com aliados.
O prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), acaba por gerar uma mistura entre os dois pré-candidatos de Diadema. As postagens sobre suas ações em Brasília e um podcast viraram rotina na vida do petista. Enquanto isso, o deputado estadual Atila Jacomussi (SD) também aposta em postagens sobre suas fiscalizações na cidade e transmissões ao vivo para falar sobre o que pensa. O grupo de Juiz João e Clovis Volpi (ambos do PSD) estão com menos postagens em comparação aos seus adversários, pois apostam ainda nos encontros presenciais e reuniões nos bastidores.
No caso de Ribeirão Pires, existe uma proximidade com o cenário mauaense, com o prefeito Guto Volpi (PL) e Gabriel Roncon (Cidadania) aumentando cada vez mais suas publicações. A diferença é que em meio às publicações ou discursos existem as tradicionais trocas de farpas, algo que sempre ocorre em períodos pré-eleitorais.
Em São Bernardo, o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) e o deputado federal Alex Manente (Cidadania) têm se dividido em postagens sobre seus mandatos e aquelas que falam sobre a cidade. Marcelo Lima (PSB) intensificou suas publicações sobre o município após perder a cadeira na Câmara dos Deputados.
Nas demais cidades, as interações contam com aspectos mais próximos da normalidade, o que não significa que os pré-candidatos não estão se movimentando em prol de seus nomes como os casos de Tite Campanella (Cidadania) e Fabio Palacio (Podemos) em São Caetano, e a prefeita Penha Fumagalli (PSD), Akira Auriani (PSB) e Marcelo Akira (Podemos) em Rio Grande da Serra. No caso de Santo André, a indefinição sobre os nomes ajuda a reduzir o número de publicações.
Análise
Para o cientista político Nilton Tristão, as redes sociais devem ser entendidas como a extensão identitária do indivíduo. Um local fundamentado nos princípios do engajamento e interação, organizados por uma arquitetura algorítmica. “A partir deste cenário, a busca por relações interpessoais, baseadas nos contatos presenciais, foi preterida por conexões estabelecidas através do ciberespaço”, diz .
“Transpondo ao campo eleitoral, essa ferramenta possibilita que o candidato deixe de confabular com centenas e passe a dialogar com milhares de sufragistas. Inclusive, formando nichos de apoiadores e construindo comunidades baseadas em afinidades. Lembrando, que foi graças a mecanismos como Whatsapp, Instagram e Facebook que o debate ruidoso sobre posicionamento ideológico retornou a agenda política nacional”, segue o especialista.
Tristão afirma que esse ambiente permitiu o surgimento de inúmeras denominações evangélicas que nem ao menos possuem templos físicos, ou seja, nas redes sociais o conteúdo, persona e narrativa substituem a necessidade do contato físico. “Obviamente, os candidatos e estrategistas perceberam a força deste meio e as suas enormes vantagens para potencializar a exposição do projeto eleitoral. Sinteticamente, em tempos passados onde a aparição em programas televisivos era o elemento mais importante para qualquer postulação, hoje, esse universo foi ocupado pelo tráfego pago”, completa.