Um dia após Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade), tomar posse como deputado federal, o ex-vice-prefeito de São Bernardo Marcelo Lima (PSB) divulgou um vídeo em suas redes sociais afirmando que Paulinho e o PT teriam influenciado a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre sua cassação. Horas após a publicação realizada nesta sexta-feira (01/12), o presidente do diretório são-bernardense do PT, Cleiton Coutinho, afirmou que ficou surpreso com a fala, principalmente pelo fato do Partido dos Trabalhadores não relação com o processo na Justiça Eleitoral.
No vídeo, Lima afirma que pagou um “preço alto” por “fazer diferença na política e “enfrentar o sistema no Congresso Nacional”. “O PT, do (Ministro do Trabalho) Luiz Marinho, aqui em São Bernardo do Campo, e o Paulinho da Força se uniram e usaram de um jogo sórdido de influência e pressão para me derrubar. Inventaram uma bobagem, em minha saída do Solidariedade, só para transformar uma simples desfiliação, com previsão legal, em uma cassação de um mandato parlamentar”, iniciou o ex-deputado.
Marcelo seguiu afirmando que não tinha contra si qualquer acusação ou suspeita de corrupção ou outro tipo de crime. “Eles (se referindo ao PT e Paulinho da Força) conseguiram, junto ao sistema apodrecido que atua no Centro do Poder do País, me cassar, por suma simples mudança de partido, com previsão legal para tal. Tudo isso com um único intuito, de me tirar do Congresso e tentar enfraquecer o nosso projeto para São Bernardo e o ABC”, seguiu.

A reportagem entrou em contato com Cleiton Coutinho, presidente do PT em São Bernardo, que afirmou que foi pego de surpresa pela fala de Marcelo Lima. O petista afirmou que Lima perdeu a cadeira por infidelidade partidária e que o responsável pela cassação foi o TSE, após análise de um pedido feito pelo Solidariedade, partido liderado por Paulinho da Força.
“Não foi o PT que fez o pedido da cadeira dele (Lima), porque a cadeira não era do PT, a cadeira era do Solidariedade. Quem fez (o pedido) foi o Paulinho da Força, que é quem conseguiu. Quem cassou foi o TSE. Eu não sei de onde que o Marcelo tirou essa relação do PT, do Marinho, não sei de onde ele tirou isso. Eu até cheguei a pensar que ele errou no vídeo dele, que ele confundiu o Marinho com o Paulinho, porque não tem nada a ver. O Marinho está no Ministério do Trabalho, está gerando emprego a pedido do presidente Lula. Não tem motivo e nem tempo para pensar na cadeira de deputado”, rebate Cleiton.
Decisão
A maioria dos ministros do TSE entenderam que o pedido de desfiliação feita por Marcelo Lima em 14 de fevereiro, horas após o julgamento que autorizou a união do PROS ao Solidariedade, precisava contar com o aval da direção nacional do partido. No momento só tinha a autorização da direção municipal, que era liderada pelo próprio Marcelo.
O pedido de desfiliação chegou à Justiça Eleitoral no dia 15 de fevereiro, mas o entendimento dos ministros é que o mesmo só valeria a partir do dia 17, dois dias após a chegada da documentação. Sem autorização e com problemas nos prazos, Marcelo acabou com o seu mandato cassado por infidelidade partidária. O ex-deputado confirmou que vai entrar com recurso para voltar para a Câmara dos Deputados.