Wagner Lino vê derrota iminente de dobrada PPS-PSDB

Prestes a concorrer novamente a uma vaga na Câmara de São Bernardo, o ex-vereador e ex-deputado estadual Wagner Lino deu declaração polêmica em torno da disputa municipal em 2012. Segundo Lino, a derrota do grupo oposicionista da cidade – liderada pelo PSDB, mas com possível adesão do PPS, na figura do deputado estadual Alex Manente – é iminente. “O que dificulta essa parceria é quem vai tomar a pancada. A derrota é iminente. Então podem escolher outra pessoa para que a derrota não seja tão desgastante. Sem falsa modéstia”, disse, a respeito de dobrada entre Manente e outra força tucana, nome que pode surgir por meio de prévias. Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Wagner Lino nos estúdios do RDtv:

Repórter Diário – Hoje o PT completa 32 anos. O PT ficou menos radical com o passar dos anos?

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Wagner Lino – Quando se fala da trajetória do PT e da maior ou menor abertura do partido, temos que contextualizar quando ele foi formado. Isso ocorreu no final de uma amplo movimento de luta contra a ditadura. O radicalismo vinha do governo militar e dos grupos econômicas. Nas fábricas não havia diálogo. Então temos que observar a posição do partido dentro de uma conjuntura. Naquele momento a forma como ele agiria com dureza era resultado de embate com o outro lado, com a falta de diálogo.

Há filmagens de uma assembléia na Vila Euclides em que estão todos com uma bandeira brasileira. Não é porque a gente estava com medo do helicóptero que voava sob a gente. Existia uma discussão de que se os empresários se queixam tanto da opressão externa então estamos achando os empresários brasileiros para fazer um acordo. Haviam empresas que se diziam nacionalistas, mas preferiram ficar na moita.

Hoje temos uma situação que se permite mais abertura. A minha preocupação hoje é que a mesma imprensa e setores sociais que cobram da gente mais abertura, dizem que nós estamos ficando iguais aos outros. Há uma coisa interessante. Paulo Freire dizia que deveríamos estar abertos, ser democráticos, mas abertos para quem esteja engajado dentro de um projeto de mudança, progressista. Não podemos nos aliar com o contraditório, com quem não quer uma educação dinâmica, que não quer que tenhamos boa relação com nossos vizinhos. Não podemos ficar aliados ao antagônico.

RD – A pauta no meio político de São Bernardo no começo do ano aponta para a vaga de vice do prefeito Luiz Marinho. O PT mantém a posição de defesa a uma chapa pura?

Wagner Lino – Achamos fundamental preservar o campo de aliança que temos, que trouxe partidos em torno do PT e de um plano de governo. Hoje temos conversa com o PMDB, com o PSB. De qualquer maneira, o PT tem o direito de apresentar um candidato a vice. A nossa colocação hoje é que temos uma situação diferente do que tivemos no passado.

Um vice tem importância por ser capaz de abrir o arco de alianças para setores que não atingimos ainda. É o caso do empresário José de Alencar, ex-presidente da República e ex-vice do Lula. Naquela eleição (2008) a gente tinha necessidade de penetrar em setores mais difíceis. A conjuntura hoje é completamente inversa. De um lado a ação do nosso governo permitiu que atingíssemos um setor de empresários, comércio.

Isso está aliado ao ingrediente de que Marinho só pode ser candidato mais uma vez. Temos que pensar em um sucessor, essa pessoa tem que estar dentro do governo e ter visibilidade ao mesmo tempo que tem um vice. Pode haver conflito. Nesse momento, achamos fundamental que o vice seja do PT.

RD – O maior boato envolvendo o prefeito Luiz Marinho e o PT apontam para uma candidatura do chefe do Executivo ao Governo do Estado, especialmente diante da movimentação de Marinho em torno de partidos e lideranças políticas da região e São Paulo. A base petista considera a hipótese de ter Marinho como candidato a governador em 2014?

Wagner Lino – Na discussão interna do PT de São Bernardo, se projeto cenários. Um dos possíveis é o marinho ser candidato em 2014. Essa possibilidade enfraqueceria a candidatura, enfraquecendo o Marinho com uma polêmica. Se o marinho saísse em 2014 obrigatoriamente achamos que o vice teria que ser do PT. Essa questão está pacificada.

O prefeito veio até o partido e foi claro ‘o candidato em 2014 chama-se Aloizio Mercadante’, tanto que ele assumiu um ministério de destaque e que é o maior problema de São Paulo, a Educação. Acredito que futuramente o Marinho será candidato a governador. Tudo depende de uma conjuntura, do Haddad em São Paulo e o melhor possível para o PT governar o estado.

RD – A especulação em torno das eleições, em outubro, colocam Marinho como favorito à reeleição. Os bastidores dão conta, inclusive, de que a meta petista é bater a marca do ex-prefeito William Dib, em 2004, que chegou a quase 80% dos votos. A meta é ultrapassar essa marca em 2012?

Wagner Lino – Eleição e mineração só depois da apuração. Não podemos trabalhar com a hipótese de que está ganho. A forma de ganhar é acelerar o que esta sendo feito. Pelas pesquisas, a gente tem esse cuidado de não subestimar nenhum partido ou pessoas. Entendemos que com o esforço que temos poderemos ganhar a eleição até no primeiro turno. Temos praticamente mais 100 obras para entregar, o governo está indo bem e é planejado. Há uma verdadeira revolução no sentido de atendimento.
Temos uma condição muito melhor do que vivemos em 2008. Estivemos a quase 1% de vencer no primeiro turno. Agora temos uma situação melhor. A grande questão não é só vencer. É atender cada vez a melhor a população e que ela se “assenhore” do governo e participe da administração. Ao mesmo tempo que tem uma mudança material há uma mudança de comportamento.

RD – O PT vê como principal rival no pleito a dobrada PPS-PSDB?

Wagner Lino – Acho que é possível, mas não será fácil (de ocorrer). Como o governo vai muito bem e isso eles sabem, a grande dificuldade daqueles que se opõem é que a derrota é inevitável. O orlando morando não quer ter uma segunda derrota, o Alex já foi candidato e sabe que se ele se defrontar pode sobrar “farpas” grandes. É possível essa aliança, mas o campo de crítica e avançar sobre o eleitorado. O que dificulta essa parceria é quem vai tomar a pancada. A derrota é iminente. Então podem escolher outra pessoa para que a derrota não seja tão desgastante. Sem falsa modéstia.

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