Neste domingo (27/8) é celebrado o Dia do Psicólogo, profissional que ganhou protagonismo durante a pandemia da covid-19. Apesar de muito falada, a questão do cuidado à saúde mental ainda é enxergada como um serviço “elitista”, destinada a somente uma parcela da população. Já para os especialistas, o serviço vem se popularizando, muito por conta da alta demanda e da população informada acerca do assunto.
Ao RD, o conselheiro estadual do Conselho Regional de Psicologia (CRP) de São Paulo e coordenador do CRP do ABC, Davi Rodriguez Ruivo Fernandes, esclarece que a sociedade valida mais a doença e a dor física, do que o sofrimento mental, o sentimento. “Quando falamos de um sofrimento, por ser algo abstrato, é difícil para aquela pessoa raciocinar a partir do olhar do outro, isso porque cada pessoa tem uma experiência diferente de vida, como dificuldade em um relacionamento, questões familiares, inseguranças e medos”, explica.
De acordo com o profissional, é a partir da concepção de quem está “de fora”, que o trabalho de conscientização e resgate da saúde mental começa. “É falando e cuidando que garantimos não só a diminuição dos preconceitos que existem como também o cuidado e tratamento da saúde mental”, afirma.
Ruivo comenta que hoje em dia é mais acessível o contato a um psicólogo, mas há necessidade de expansão de profissionais na área da saúde pública. “Ter profissionais de forma ampliada no SUS (Sistema Único de Saúde) e nas unidades básicas de saúde, dentro dessas vulnerabilidades que nosso País e região enfrenta, é de grande importância, para que possamos atender o total de pacientes”, explica.
Lei n° 13.935
A lei federal lei n° 13.935, sancionada em 2019, dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica. Com os casos de violência e atentados terroristas nas escolas do Brasil, virou necessidade discorrer o assunto em debates, sobre como a questão da saúde mental é importante de ser abordada nas escolas, com acompanhamento de um profissional da área.
O psicólogo defende a pauta da prevenção, com diagnóstico não individual, mas coletivo. “A psicologia não deveria vir só no posterior, ela precisa trabalhar a prevenção, não culpabilizando o aluno, a professora ou alguém da escola, e sim atender as necessidades do grupo, como um todo”, diz.
Rodriguez comenta que o Estado precisa contratar profissionais especializados no atendimento escolar, em que o contratante consiga trabalhar com um número de escolas possíveis com qualidade. “Não adianta ter um profissional atendendo 30 escolas, pois ele não entregará a mesma qualidade para todas. Então nós, como psicólogos e sociedade, precisamos cobrar dos governos que se atentem a questões éticas e científicas”, afirma.
Psicologia perinatal e tecnologias
Na subsede do Conselho Regional de Psicologia do ABC (rua Almirante Tamandaré, 426 – Jardim Bela Vista), neste sábado (26/8), ocorreu palestra com profissionais da área, que discutiram, além das questões éticas, escolar e social, a psicologia perinatal, área especializada no atendimento psicológico da mulher na fase da gestão e no pós-parto.
Outro tópico de discussão foi o uso das tecnologias e como a sociedade consume o meio virtual, e uso da IA (Inteligência Artificial).