
Se a Petrobras não realizar alguma manobra urgente, os postos de combustível de todo país vão ficar sem diesel para abastecimento dos veículos de transporte de carga e passageiros. Essa situação já está ocorrendo em Minas Gerais e no Centro Oeste e começa afetar também os estoques dos postos no ABC. O presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), Roberto Leandrini Júnior, diz que os estoques são suficientes para aproximadamente quatro dias.
“Ainda não está faltando, mas vai faltar. Temos estoque para três ou quatro dias, depois disso vai ter desabastecimento. No Centro Oeste já tem caminhão parado por falta de combustível e o reflexo será bem rápido no abastecimento de alimentos, isso não demora muito para acontecer, em uma semana a população vai sentir o efeito, com a falta de produtos nas feiras e supermercados, porque não tem outro jeito, todas as mercadorias são transportadas de caminhão, esse é o nosso principal modal”, analisa Leandrini Júnior.
O abastecimento de diesel está ligado à defasagem no preço do produto em relação ao mercado internacional. “Metade do nosso diesel é importado, mas o governo decidiu acabar com a paridade do preço interno com o do mercado exterior, com isso o preço ficou 26% menor aqui, e não compensa para os importadores. É como se eu comprasse a R$ 20 para vender a R$ 15. Sem o produto de fora, a Petrobras não tem como abastecer o mercado. Nós temos autossuficiência de petróleo, mas não temos refinarias suficientes, temos só o óleo cru”, explica o presidente do Regran.
Roberto Leandrini Júnior diz que as distribuidoras estão racionando o produto para atender a um número maior de postos com o pouco produto que há no mercado. “A gente pede 20 mil litros e entregam 5 mil. Nesse ritmo vai faltar diesel em menos de uma semana”, alerta.
Na visão dos empresários do setor varejista ou o governo equipara o preço com o mercado internacional, para que a importação volte a acontecer, ou o governo entra com um subsídio para compensar a importação. “Elevar o preço o governo não quer porque anunciou o fim da paridade como uma medida populista, mas se continuar assim em uma semana vamos estar sem diesel e também sem leite, carne, cebola, grãos e outros itens da cesta básica”, completa.
A Petrobras foi procurada para comentar o assunto, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.