Número de inadimplentes cresce quase 10% no ABC e aponta para superendividamento

Fonte: SPC Brasil

O levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), feito com base em dados do SPC (Sistema de Proteção ao Crédito), mostra que o número de endividados no ABC cresceu 9,58% nos últimos doze meses, de julho de 2022 a julho de 2023. O estudo mostra que o número da região é maior do que o registrado na região Sudeste do país, que ficou em 6,64%, e maior do que o índice brasileiro no mesmo período que ficou em 6,79%. Para o economista e presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, Alexandre Damásio, os números do ABC apontam para um superendividamento das famílias.

De acordo com o levantamento somente entre junho e julho, o nível de endividamento no ABC subiu 0,84%. O estudo aponta ainda que 25,60% dos moradores do ABC têm dívida de até R$ 500; 12,26% deve de R$ 501 a R$ 1 mil e 19,79% deve de R$ 1000,01 a R$ 5 mil. A maior parte das dívidas de menor valor são de serviços básicos como água, luz e telefone. Isso reflete o superendividamento das famílias na visão de Damásio. “Temos essa migração da dívida para as contas de água, luz e telecomunicações e isso demonstra o superendividamento. Também temos o aumento do tempo médio de dívida que está em 25 meses”, aponta.

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Alexandre Damasio, presidente da CDL de São Caetano. (Foto: Reprodução RDTv)

Para Alexandre Damásio, os 57,65% de devedores que têm contas não quitadas de até R$ 2,5 mil são o alvo do Desenrola e a pesquisa vai aferir nos próximos meses a eficácia desse programa federal de renegociação e limpeza dos CPFs junto aos cadastros de devedores como o SPC e Serasa. “Vamos medir o impacto do Desenrola porque esse é o público dele, assim poderemos ver a taxa de sucesso do programa”, analisa.

Em julho de 2023, cada consumidor negativado da região devia, em média, R$ 5.208,61 na soma de todas as dívidas. “É um tíquete médio muito alto”, estima o presidente da CDL, que aponta como razão a alta atividade econômica do ABC. “A inadimplência é um remédio ruim para quando se oferta crédito e quando ela está alta representa uma economia rica que oferece crédito então esse valor médio, que corresponde a três salários mínimos mostra que o ABC é uma região rica”.

Apesar de esperar uma queda na inadimplência por conta do Desenrola, Damásio não acredita na eficácia o programa a médio e longo prazos porque ele não cria mecanismos de educação financeira, o que pode continuar trazendo para o endividamento aquelas pessoas que o programa tirou dos birôs de crédito. “Nos governos Lula 1 e 2, no Dilma Rousseff 1 havia crédito fácil e barato, as pessoas se acostumaram a ter casa e carro tudo financiado. No governo Temer isso parou e no seguinte também. Então temos aí uma geração que não aprendeu a poupar. Para piorar estamos em um momento de mudança da matriz econômica no ABC, da indústria metalmecânica para os serviços e quando há essas mudanças a população fica um pouco mais empobrecida”.

Para Damásio nesse ritmo até o final do ano o aumento do endividamento deve ultrapassar os 12%. “Estamos nessa de um a um vamos chegar ao fim do ano acima dos 12%. Esse ritmo deve ainda aumentar principalmente no último trimestre de 2023”, conclui.

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