ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

População indígena do ABC cresce 28,5% desde 2010, revela IBGE

Aldeia indigena Guyrapaju Mbya, em São Bernardo. (Foto: Divulgação)

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os números referentes à população indígena no país nesta segunda-feira (07/08). No ABC a população que se autodeclara indígena saltou de 2.358, segundo o Censo de 2010 para 3.031, uma alta de 28,5%, porém se considerado que o Censo 2022 foi o primeiro a ir até as aldeias fazer o recenseamento, o crescimento não foi grande, pois há doze anos foram computados apenas aqueles indígenas que viviam em contexto urbano.

Ainda assim o crescimento desta população, ou o reconhecimento destes grupos que vivem em aldeias, mostram uma realidade de carência de serviços, principalmente os de saneamento e de saúde. A situação se agrava porque as comunidades indígenas ficam em áreas mais distantes. Em São Bernardo, na região do pós-balsa ficam três comunidades indígenas, em uma delas, aldeia Guarani Guyrapaju Mbya, que sobre com essas carências de serviços públicos. Elson da Silva, mais conhecido como Mirim Elson, é liderança na aldeia, e diz que o crescimento dos povos indígenas não é uma novidade para ele e isso agrava os problemas relacionados à saúde. “A nossa maior necessidade aqui é saneamento e o serviço de saúde, porque quem vive na aldeia fica mais isolado, não sai muito e o acesso não é muito fácil. Até quem vive em contexto urbano já sofre com a falta disso, imagina na aldeia”, comenta.

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Para Mirim Elson não faz muito tempo os indígenas que vivem nas cidades escondiam sua origem para evitar o preconceito, evitar conflitos e se proteger. Ele conta, no entanto, que isso está mudando e os indígenas se sentem mais seguros para falar da sua origem e também de procurar sua história. “Muitos estão buscando sua etnia e sua história, procuram órgão do governo – como a Funai (Fundação Nacional do Índio) – e buscam informação. Aqui mesmo chegam indígenas de outros estados e procuram tentar levantar sua etnia, nem sempre a gente pode ajudar, se não conhece a família não tem como ajudar. No passado teve muito indígena que se distanciou da sua comunidade, e ficou com medo de falar de onde veio. Até na escola se você tem cor de pele diferente já tem preconceito então tem gente que evitava falar para se proteger”, explica.

Diferente de outras regiões do país onde há conflitos por conta da disputa pela terra, nas aldeias do ABC isso não tem acontecido. “Aqui já tivemos problema uma vez, tivemos que chamar a polícia e a Funai, mas agora está tranquilo, a guarda ambiental passa sempre por aqui e pergunta se há problemas ou alguma coisa diferente, temos segurança, o que mais nos falta é uma obra de saneamento e mais acesso ao serviço de saúde”, completa.

Apesar das três aldeias de São Bernardo, proporcionalmente a cidade com maior população indígena do ABC é Ribeirão Pires onde 0,17% dos habitantes se autodeclararam indígenas aos recenseadores do IBGE. Na cidade são 201 indígenas. Em segundo lugar na proporção de indígenas sobre o total da população aparece São Bernardo com 1.300 pessoas, ou 0,16% do total de habitantes. Destes a maior parte vive na cidade e apenas 115 estão são aldeados. (Veja quadro).

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