O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou de dois eventos em São Bernardo, nessa sexta-feira (02/06). Primeiro, inaugurou o novo edifício da Universidade Federal do ABC (UFABC) e na sequência visitou a nova fábrica da Eletra. Nos dois eventos houve um foco grande em temas econômicos, mas o petista aproveitou para falar sobre sua relação com o Congresso Nacional. As falas acontecem na mesma semana em que o governo teve uma queda de braço sobre as medidas provisórias.
O assunto apareceu em meio ao discurso na UFABC. Ao falar sobre a democracia, o presidente justificou a busca por entendimentos com os congressistas com o atual cenário na Câmara dos Deputados, local em que mais sofreu para conseguir obter os votos necessários para que a Medida Provisória sobre os ministérios fosse aprovada.
“Nós vamos recuperar esse País e a gente não vai recuperar sozinho. É importante vocês saberem a correlação de forças no Congresso Nacional. A esquerda toda tem no máximo 136 votos, isso se ninguém faltar, ou seja, para votar (aprovar) uma coisa simples precisamos de 257 (votos) e para aprovar uma emenda constitucional é maior ainda o número de deputados que nós precisamos (308). É preciso que vocês saibam o esforço para governar”, iniciou Lula.
“É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição. Você ganha uma eleição e depois você precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar alguma coisa”, seguiu o petista que reforçou que é necessário “conversar com quem não gosta da gente” para conseguir alguma aprovação.
Economia
Sobre economia, reforçou que vai “abrasileirar” o preço da gasolina, assim não utilizando mais a base internacional como modelo para estipular o valor cobrado. Além disso, falou da necessidade de investimentos na Educação. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que com a aprovação do arcabouço fiscal, a partir de 2024 os investimentos em Saúde e Educação vão retomar aos patamares anteriores a política do teto de gastos.
Na sequência, Lula participou de uma visita a empresa Eletra, responsável pela montagem de ônibus com motores elétricos. Na fábrica recebeu o pedido para que ocorra uma ação para que as empresas brasileiras possam voltar a liderar as vendas destes veículos para a América Latina.
“Somos capazes de resgatar a liderança da indústria nacional de transporte público na América Latina, que hoje é inteiramente dominada por ônibus elétricos chineses. Nos últimos 20 anos nós perdemos muita autonomia. A indústria que era dominada pelas empresas brasileiras, nós perdemos para os chineses. Então chegou o momento de resgatarmos isso. Nós temos o produto, nós temos competência e vontade de fazer isso acontecer, e voltar a ser exportadores para toda a América Latina e para todo o mundo”, disse a presidente da Eletra, Milena Braga Romano.

Em resposta, Lula afirmou que o Estado brasileiro tem que “garantir a sobrevivência da indústria brasileira” e que o produto nacional deve ser valorizado. O presidente aproveitou a presença dos sete prefeitos da região para falar sobre a necessidade de incentivar os municípios para que adquiriam os veículos nacionais e com motores elétricos.
O Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, projetou que o Brasil pode alcançar a criação de 2 milhões de empregos formais até o final de ano. A projeção acontece com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) que até o momento apresenta um saldo positivo de mais cerca de 750 mil empregos gerados.
“Vamos apostar no mundo do trabalho, no fortalecimento. Olhando para que as novas tecnologias possam ser vistas no ponto de vista do que elas nos oferecem, e para a sociedade brasileira, que é trazer melhores condições de vida”, disse Marinho que criticou a necessidade de trabalhadores de aplicativos tenham que trabalhar por 16 horas seguidas para levar o seu sustento. O Ministro ainda foca na possiblidade de regulamentar os serviços prestados por empresas de aplicativo.