O Sintrabor (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artigos de Borracha, Pneumáticos e afins da Grande São Paulo) pretende ir até o Japão, onde fica a matriz da Bridgestone, para discutir o anúncio da empresa de parar de produzir pneus para veículos de passeio na fábrica de Santo André, o que vai acarretar na demissão de até 700 trabalhadores na planta. Na quarta-feira (17/05) a representação dos trabalhadores tem uma reunião com a direção da empresa na fábrica andreense e, na sequência, a entidade sindical quer marcar reunião com o sindicato japonês que funciona dentro da matriz da indústria em Tóquio.
“Na quarta-feira temos uma reunião com a empresa e o que vamos propor é que a empresa reverta essa expectativa de demissões e aproveite esse pessoal dentro da fábrica, nas outras linhas de pneus pesados. Não somos contra a empresa tomar suas decisões de mercado, o que não pode é prejudicar o trabalhador. Vamos usar as ferramentas que nós temos para negociar. Logo depois dessa reunião faremos assembleias com os trabalhadores para informar o que está acontecendo, pois não acredito que vamos chegar a uma proposta em uma reunião só com a empresa”, diz o presidente do Sintrabor, Márcio Ferreira.
O dirigente sindical informou que pediu uma reunião com o sindicato que representa os trabalhadores da Bridgestone no Japão. “Lá eles têm um formato de sindicato diferente, que funciona dentro da empresa, por isso queremos uma reunião lá, para mostrar que essas demissões não serão boas para a imagem da empresa. A Bridgestone está visando apenas o lucro e esqueceu-se da responsabilidade social. Esse tipo de capitalismo selvagem age assim e nós vamos denunciar”, diz o sindicalista, que também quer aproximar o ministro do Trabalho, Luiz Marinho dessa situação para tentar reverter as demissões.
Ferreira também criticou o secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego de Santo André, Evandro Banzato, que foi à imprensa e elogiou a Bridgestone pelo investimento na planta andreense, minimizando o corte de 700 trabalhadores. “O secretário está preocupado apenas com a empresa, nós do sindicato estamos preocupados com os trabalhadores diretos e indiretos. Muita coisa que ele falou não procede, como readaptar os trabalhadores para outras atividades. Eles (prefeitura) não vão ter como colocar todos em outros empregos, não em um emprego de qualidade como é o da indústria. Foi uma fala de quem não conhece a situação e preferiu ‘passar o pano’ para empresa, fazendo política com a desgraça de 700 trabalhadores e suas famílias”.
A companhia diz que a decisão foi tomada após avaliação de mercado e que Santo André ficaria apenas com a produção de pneus para veículos pesados. “A unidade passará a focar na produção de pneus para caminhões, tratores e off-road e Firestone Airide. Como consequência, a produção de pneus de passeio e para caminhonetes ficará concentrada na unidade da Bahia a partir do fim de 2023. Esta decisão é parte de um processo contínuo de avaliação do negócio e do mercado, para assegurar a competitividade da companhia e determinar a melhor alocação de recursos, otimizando o portfólio, processos e cultura para seguir servindo às necessidades do consumidor e mercado. A Bridgestone Brasil também confirma que este processo resultará em um ajuste de sua equipe na planta de Santo André e que está trabalhando junto ao sindicato e seus empregados em oportunidades de redução do impacto desta decisão à equipe da linha afetada”.