ABC - quarta-feira , 1 de maio de 2024

Anúncio da OMS afeta atitude da população e cidades incentivam vacinação

Santo André realiza drive-thru para vacinação. (Foto: Angelo Baima/PMSA)

A OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou nesta sexta-feira (05/05) o fim da Emergência Internacional de Saúde Pública quanto à covid-19, porém destacou que a pandemia não acabou e ainda mata três pessoas a cada três minutos no mundo. Para as prefeituras nada muda, segundo as administrações do ABC que responderam ao questionamento do RD, a vacinação vai continuar incentivada por campanhas. Existe a preocupação que o anúncio aumente uma falsa sensação de segurança de que não é mais necessário se proteger do novo coronavírus.

O receio é que o comunicado da OMS seja interpretado erroneamente por parte da população, diminuindo os percentuais de vacinação das doses de reforço e o abandono de medidas de prevenção como o uso de máscara e a higienização das mãos. O temor é que esse anúncio possa ser usado pelos que são contra as vacinas para influenciar a população. É o que avalia a infectologista de Santo André, Elaine Matsuda. “Hoje mesmo as pessoas sintomáticas de doenças respiratórias não estão valorizando esses sintomas, encaram como uma gripe comum, quando não sabem o que têm. Elas não se protegem e saem por aí. Hoje já não se testa mais, o único indicador que se tem é quando há mortes. Eu recebo pacientes no meu consultório que chegam sem máscara, mesmo estando em equipamento de saúde e o que ouço é sempre a mesma coisa; que não é mais obrigatório. Eu respondo que ninguém nos obriga a usar casaco quanto está frio, ou guarda-chuva quando chove, mas a gente usa”, diz a médica.

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“As pessoas não aguentam mais usar máscara, é compreensível, mas estamos diante de uma variante mais infecciosa e me assusta, por exemplo, a covid longa”, diz a médica sobre os sintomas prolongados da doença mesmo meses depois da infecção. Ao falar sobre a nova cepa, a Arcturus, mais transmissível e menos grave do novo coronavírus, a infectologista diz que a tendência dos vírus é essa, de sofrer mutações para ser menos letal e ficar vivo em mais pessoas. “O vírus que mata ele não se propaga, exemplo do Ebola, que não se tornou uma pandemia porque ele mata a pessoa infectada. Então a doença fica menos grave, mas ainda teremos mortes, é que não se vê falar mais tanto nisso”, diz Elaine.

A médica diz que o uso de máscara em locais com grande concentração deve ser recomendado. “O modelo ideal é o do Japão, onde eles usam máscara há muito tempo por causa da influenza. Lá os sintomas respiratórios são levados a sério. Nós tínhamos a esperança de que essa cultura fosse seguida por aqui, mas vemos que não. Quem sai de máscara na rua é visto como um extraterrestre hoje em dia”, completa.

Vacinados

Das sete cidades da região, apenas quatro informaram sobre a situação da vacinação e em todas a realidade é a mesma. Se a adesão às duas primeiras doses do imunizante passa dos 90%, já quanto às duas doses de reforço não chega à metade da população.

São Bernardo garantiu que a decisão da OMS sobre o fim da Emergência Internacional de Saúde Púbica não impacta no atendimento da rede municipal. Dados atualizados até esta sexta-feira (05/05) dão conta que 95% da população está vacinada com as duas doses das vacinas monovalentes, 70% receberam a dose de reforço, 45% receberam a segunda dose de reforço e 14% tem cobertura vacinal da bivalente. A prefeitura diz ainda que manterá a busca ativa para atualização de carteira vacinal das doses contra a covid-19 e demais doenças que é feita pelos agentes comunitários de saúde, durante as visitas domiciliares.

Em Santo André o percentual das primeiras doses passa de 100% da estimativa de população acima dos 18 anos e cai drasticamente nas doses seguintes. A prefeitura informou que aguarda orientações de órgãos oficiais sobre a determinação da OMS e que, por enquanto não há mudanças no atendimento da saúde. A oferta de vacina continua nos postos de saúde de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, e aos finais de semana nos drives da Craisa (avenida dos Estados, 2.195 – Santa Teresinha) e Carrefour (avenida Pedro Américo, 23 – Vila Humaitá). Os drives funcionam todos os sábados e domingos, das 8h às 18h, sem necessidade de agendamento.

Até o momento, 99.909 pessoas do público alvo – composto por pessoas com mais de 18 anos, além de pessoas com idade entre 21 e 17 anos com comorbidades ou imunossuprimidos – receberam a Pfizer Bivalente em Santo André e 422.108 pessoas ainda não receberam  a vacina. A prefeitura detalhou a vacinação por faixa etária. População de 6 meses a 2 anos 11 meses e 29 dias, tem cobertura de 15% para a primeira dose, 6% para a segunda e 0,4% para a terceira. População de 3 a 4 anos tem 47% da população com a primeira vacina, 25% com a segunda e 0,2% com a terceira. No público de 5 a 11 anos a cobertura chega a 90% para a primeira dose, 74% para a segunda e 8% para a terceira. De 12 a 17 anos, a adesão a primeira dose é de 87%, de 80% para a segunda e 50% para a terceira. Considerando os maiores de 18 anos, o percentual é de 108% para a primeira dose do imunizante, 107% para a segunda, 86% para o primeiro reforço, 53% para o segundo reforço e 2.283 doses foram aplicadas do terceiro reforço ou quinta dose.

Ribeirão Pires informa que também manterá as campanhas de vacinação. “A vacinação continuará normalmente e a prefeitura vai continuar realizando campanha, divulgando e informando as disponibilidades da vacinas contra a covid-19”, diz nota da prefeitura. A cidade não informou percentuais, apenas o número total de vacinados. 107.880 pessoas estão vacinadas com a 1ª dose; 104.290 pessoas já tomaram a 2ª dose; 3.345 pessoas foram imunizadas com dose única; 77.953 pessoas tomaram a dose de reforço; 43.078 pessoas tomaram a 4ª dose; 263 pessoas tomaram a 5ª dose; 13.138 pessoas tomaram a Pfizer Bivalente. A cidade fez um total de 350.956 aplicações.

Rio Grande da Serra sustenta que manterá ações específicas para a atualização da carteira de vacinação. “A Secretaria Municipal de Saúde realizou recentemente ações de vacinação nos dias 11/02 e 01/04. Informamos que no próximo sábado dia 13 de maio das 09:00 ás 16:00 horas, na UBS Central para atualização da carteirinha de vacinação de rotina das crianças  e vacinação contra a covid-19”. O percentual de adesão da população riograndense à vacina é a menor da região. Apenas 67,5% da população tomou as duas primeiras doses e 19,71% tomou as doses de reforço. Quanto à bivalente a adesão está em 3,99%.

Diadema informa que o Plano de Contingência do município segue ativo e sendo atualizado de acordo com o cenário epidemiológico da cidade. Tanto a assistência como as ações de monitoramento e prevenção seguirão sendo realizadas como parte da rotina dos técnicos da rede. A cidade vacinou até 27 de abril, 404.251 residentes, ou seja, 98% da população elegível para vacinação recebeu ao menos uma dose da vacina. “Das 404.251 pessoas que receberam a primeira dose, 383.871 estão com esquema completo, e isto corresponde a uma cobertura de 94% da população-alvo. Diadema também já realizou a aplicação de 274.626 terceiras doses e 144.441 quartas doses. Já em relação à vacina da Pfizer bivalente, Diadema já vacinou mais de 30.500 pessoas do público-alvo até 25 de abril, data do último balanço da imunização. O município vai continuar realizando ações educativas em prol da vacinação e permanece fazendo busca ativa de vacinação. Ressaltamos ainda que alguns hábitos devem ser incorporados à nossa rotina, como os cuidados pessoais com a higiene das mãos, etiqueta respiratória a fim de evitar a transmissão de doenças respiratórias pela tosse, vacinação em dia e o uso de máscara permanece recomendado nos serviços de saúde”, informou a administração diademense.

Os municípios de Mauá e São Caetano não responderam.

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