
Um exemplo da morosidade do sistema judiciário é o processo de liquidação da massa falida da metalúrgica Pierre Saby que funcionou por mais de 40 anos na avenida Industrial, em Santo André, e faliu há 22 anos. Boa parte dos trabalhadores ainda não viu a cor do dinheiro das indenizações trabalhistas a que têm direito. Um grupo de ex-funcionários está organizando um protesto que será realizado em frente ao fórum da cidade, mas ainda sem data definida. Por outro lado o advogado e síndico da massa falida, Paulo Roberto Bastos Pedro, disse que os cálculos do valor a ser pago a cada um dos trabalhadores está sendo concluído e ele estima que em até três meses os pagamentos serão realizados.
Idosos, em sua maioria, os trabalhadores passam por dificuldades financeiras, alguns tiveram nem conseguiram se aposentar e o dinheiro da indenização faz muita falta. Edson Brandão dos Santos, era um dos funcionários da Pierre Saby e deixou a empresa na época da falência. Até hoje não recebeu nada. “O síndico da massa falida retirou os processos no fórum no final do ano passado para fazer os cálculos e ainda não apresentou. Tem muita gente com dificuldade, tendo dinheiro para receber. A maioria já são idosos e têm necessidades como tratamentos e medicamentos. Até 2017, quando não tinha o dinheiro, a gente até compreendia, mas com a venda do imóvel tem dinheiro, a gente estima que entre R$ 18 milhões e R$ 20 milhões estejam depositados em conta jurídica e a gente sem receber”, desabafa.
Além de Santos, cerca de 80 pessoas estão ma mesma situação. Esse dinheiro não era para deixar o trabalhador rico, é um direito. Tem gente que tem R$ 10 mil para receber, outros R$ 70 mil, não é uma fortuna, é um direito”, completa o ex-funcionário da empresa. Alguns trabalhadores aceitaram um decréscimo nos valores a receber na época em que a empresa faliu e receberam parte da indenização em um acordo feito com mediação do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, quem não aceitou o acordo entrou com ações trabalhistas individualmente.
O síndico da massa falida, confirmou que está com o processo e realiza os cálculos. Pela sua experiência na área, ele diz que processos mais antigos como o da Pierre Saby, são físicos, ou seja, em papel, e morosos mesmo. “Trata-se de um processo de 2001, é muito antigo e físico, teve vários recursos e por isso demora tanto. Tivemos também a pandemia e o fórum ficou fechado um bom tempo e como o processo é físico, não teve andamento. Agora estamos fazendo os cálculos de todos os valores, depois isso tem que ser publicado e, em seguida, começam os pagamentos, acredito que isso ocorra dentro de dois ou três meses”, disse Bastos Pedro.
O advogado conta que tem realizado esforços para encerrar esse processo. “Eu assumi como síndico em 2020, em plena pandemia, quando o administrador anterior morreu. Esse é um processo de 2001, passou por outras pessoas e eu é que irei encerrar”, completou.