
Diadema adquiriu 36 cabeças de treino, além de uma série de outros materiais, que vão qualificar as oficinas de tranças afros que atendem 110 pessoas, em cinco locais da cidade. Criada em 2021 na Casa do Hip Hop, durante a pandemia de Covid-19, as oficinas foram expandidas este ano para todas as regiões da cidade.
Os materiais foram enviados para os cinco equipamentos onde ocorrem as aulas nesta semana. Até então, os participantes aplicavam as técnicas de trança e alongamento em modelos vivos, muitas vezes, entre os próprios alunos. “Utilizar as cabeças de treino traz mais segurança, ajuda a desenvolver a coordenação motora e melhora a técnica de quem está fazendo as tranças”, explicou a arte educadora e trancista, Gabe Imani, uma das duas profissionais que dão as aulas.
Gabe lembra que historicamente, aprender a fazer tranças era passado de geração a geração de mulheres. “Essa é a minha origem. Antes de ser trancista sou trançadeira e aprendi com a minha mãe, com a minha avó. Os cursos qualificam esse saber que é ancestral”, afirmou. “O trabalho de empoderamento de mulheres negras também é um dos fatores presentes nas oficinas”, completou Reinaldo Leiva.
A trancista Claudia Novaes Araujo, 37 anos, moradora do bairro Canhema, participou em 2022 da oficina na Casa do Hip Hop. Fora do mercado de trabalho desde 2014, Claudia tinha em mente, inicialmente, aprender a trançar o cabelo da própria filha, que tinha então 5 anos. “Não sabia nada sobre tranças, aprendi tudo na oficina”, contou. “Lembro que a Gabe me disse que até o final do curso ela faria que eu me tornasse uma empreendedora para trabalhar com tranças”, completou.
Claudia contou que foi aprendendo cada vez mais, gostando do trabalho e antes do final do curso já estava trabalhando. Atualmente, além das tranças, ela também vende roupas femininas, mas as tranças são responsáveis pela maior parte da sua renda. “As vendas oscilam, mas a colocação de tranças é uma coisa que sempre tem alguém querendo fazer”, concluiu. Gabe afirmou que o mercado para quem trabalha com tranças está bastante favorável. “Um mercado que está em expansão e com a qualificação, quem trabalha com isso não precisa nem de um local próprio, pode atender a domicílios ou em um salão”, finalizou.
As oficinas de trança afro acontecem nos Centros Culturais Vladmir Herzog, Eldorado, Vila Nogueira, na Casa do Hip Hop e no CEU das Artes. As inscrições para esse ano se encerram em 31 de março e no meio do ano, caso tenha vagas remanescentes, novo processo de seleção pode ser realizado. Para maiores informações é só acessar o site https://oficinas.