
Por Marcio Oliverio
A notícia do assassinato brutal de uma professora por um aluno de 13 anos em escola na Capital foi um choque para todos. Conforme as investigações avançaram, fui me dando conta da complexidade e das diferentes camadas da narrativa que envolvem esse trágico acontecimento.
Primeiro, a idade do agressor, um garoto de apenas 13 anos. Por outro lado, uma professora com 71 anos e décadas de experiência em sala de aula. Isso me fez questionar a segurança dos nossos professores. A experiência não a protegeu de um ataque tão violento, algo que parece estar se tornando rotineiro em nossas escolas. Como sociedade, precisamos examinar os desafios enfrentados pelos professores e alunos. E garantir que todos estejam protegidos.
Além disso, a questão das redes sociais e as referências que o adolescente utilizou para justificar sua atitude são igualmente preocupantes. Lembro-me do otimismo de alguns pesquisadores no início de 2010, quando fazia minha pesquisa de mestrado, sobre as possibilidades oferecidas pelas redes sociais, a nova esfera pública e a comunicação de muitos para muitos. Hoje, em alguns países, a discussão é sobre a regulamentação e o controle dos conteúdos dessas redes, em especial aqueles que possam incitar a violência ou propagar informações falsas.
Saúde mental
Outro ponto que merece destaque é a questão da saúde mental, que ganhou relevância ainda maior nesse mundo com a pandemia. Sabemos que muitas pessoas estão enfrentando desafios emocionais e psicológicos. Durante a pandemia da covid-19, aliás, a Universidade Metodista de São Paulo ofereceu apoio psicológico gratuito para centenas de pacientes da região. A procura foi tanta que a Umesp ampliou esse atendimento para dar conta da demanda.
É importante refletir sobre como podemos prevenir tragédias como essa e proteger nossos professores e alunos. Como sociedade, precisamos oferecer mais apoio e recursos para aqueles que enfrentam dificuldades emocionais e psicológicas, e também investir em programas que incentivem a empatia e a resolução pacífica de conflitos.
Além disso, é preciso repensar a forma como utilizamos as redes sociais e a maneira como consumimos e compartilhamos informações online. Precisamos ser mais críticos e responsáveis em relação ao conteúdo que acessamos e compartilhamos, e também apoiar iniciativas que promovam a segurança e a proteção dos usuários dessas plataformas.
Não podemos permitir que tragédias como essa sejam banalizadas ou esquecidas. Precisamos aprender com elas e agir para preveni-las no futuro. Que a memória da professora que perdeu a vida nesse ataque nos inspire a trabalhar por um mundo mais justo, seguro e humano.
Por Marcio Oliverio é reitor da Universidade Metodista de São Paulo.