Há mais de uma década em pauta, a estadualização do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini é uma discussão descartada pelo prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT). O equipamento tem custeio de R$ 10 milhões mensais aos cofres municipais e é referência a outras cidades, como Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, além de atender pacientes oriundos do Rodoanel Mário Covas e Rodovia Índio Tibiriçá. O foco da administração é retomar a ajuda financeira do Estado, que deixou de enviar repasses ao município.
A declaração de Marcelo Oliveira ocorreu durante a assinatura da ordem de serviço para o início das obras da nova UBS (Unidade Básica de Saúde) São João – mais informações abaixo -, na tarde desta quinta-feira (23/3). Segundo o prefeito, transferir a gestão do Nardini ao Estado poderia ocasionar em maior burocracia no atendimento aos pacientes, caso a demanda fosse repassada à Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), que tem entre as finalidades, operacionalizar transferências de atendimentos na rede estadual de Saúde.
“Essa discussão de estadualizar o Nardini, para nós, é ultrapassada. Porque se nós fizermos isso, qualquer pessoa que estiver na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), esperando uma transferência ao Nardini, terá de ser regulada pela Cross e poderá ir para o (Hospital Estadual do) Serraria, em Diadema, ao (Hospital Estadual) Mário Covas, em Santo André, ou para o Pari (zona leste da Capital). Então a nossa conversa com o governador do Estado é que nos ajude com o custeio”, diz o prefeito.
Outra hipótese apresentada por Marcelo Oliveira é o Estado aceitar construir um novo hospital pelo município, cabendo ao Paço a disponibilização de um terreno. Entretanto, essa sugestão sequer chegou oficialmente ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Por essa razão, a Prefeitura de Mauá mira até o momento somente no retorno dos repasses estaduais, que tiveram início em 2013, ainda na gestão do ex-prefeito Donisete Braga (na ocasião, filiado ao PT), pelo valor de R$ 1 milhão mensal.
No entanto, a instabilidade política em Mauá, quando o ex-prefeito Atila Jacomussi (Solidariedade) foi preso e sua então vice Alaíde Damo (MDB) assumiu o Paço, fez o Estado interromper o auxílio em 2018. Segundo a atual gestão, não houve o pedido do antecessor para a renovação do convênio. Mesmo assim em 2022, o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB) retomou os aportes em R$ 3 milhões mensais, porém, com a troca no comando da administração estadual, tudo voltou à estaca zero.
Até 1990, o Nardini era de total responsabilidade do governo estadual, porém, a administração do então prefeito Amaury Fioravanti (1989 a 1992) decidiu levar a gestão do hospital para as mãos da cidade. Desde então, o aumento das despesas do equipamento fez a conta ficar muito onerosa aos cofres municipais. Por essa razão, devolvê-lo ao Estado passou a ser um tema presente, desde Donisete até a Atila, que levanta a bandeira novamente, agora em seu segundo mandato como deputado estadual.
Ajuda da União
Marcelo Oliveira afirma que busca junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o retorno de Mauá ao programa Mais Médicos, relançado nesta segunda-feira (20/3), para a vinda de novos profissionais na Saúde, e recursos para mais obras no Nardini. Presente em Brasília na semana passada, o prefeito confirma que irá novamente à Capital federal durante a 24ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, organizada pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), entre os dias 27 e 30 de março.
“Fui a Brasília, pelos R$ 23 milhões ao Nardini para a reforma de mais um andar e também conseguir recursos para tirar o (setor) administrativo de dentro prédio e ampliar os leitos no atendimento à população, porque a demanda é enorme, pois atendemos quem vem de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, da (Rodovia) Índio Tibiriçá e muitas pessoas da Zona Leste (de São Paulo) também”, considera o prefeito.
Obras na UBS São João são iniciadas
Com investimentos previstos em R$ 8,4 milhões, Marcelo Oliveira assinou a ordem de serviço para o início das obras para a nova UBS São João. Segundo o prefeito, a previsão para o término dos trabalhos é de 12 meses. O governo municipal informa que a edificação terá área construída de 1,3 mil metros quadrados, sendo 43% superior em espaço à antiga unidade.
Enquanto as obras do novo edifício ocorrem, os atendimentos para quem precisa contar com os serviços da UBS São João são realizados provisoriamente na quadra esportiva ao lado do terreno, com entrada pelo Cras (Centro de Referência de Assistência Social). A unidade tem 16,4 mil usuários cadastrados e faz 8,6 mil atendimentos por mês em média, e 840 coletas de exames.