
Os imóveis usados voltaram a vender bem em fevereiro, no comparativo com o primeiro mês do ano, com destaque para aqueles com valor de até R$ 350 mil, sendo casa ou apartamento. As vendas subiram 1,54%. O levantamento é do CreciSP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) que revela ainda que, apesar da sensível alta, no acumulado dos dois primeiros meses do ano ainda há um déficit de 19,4%, isso porque janeiro teve um desempenho negativo de 20,94%. O levantamento também apontou que as locações continuam em queda desde a virada do ano; desempenho negativo em 29,57%.
O CreciSP ouviu 49 imobiliárias das cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires. Apenas Rio Grande da Serra ficou de fora deste levantamento. Quando ao tipo de imóvel negociado o percentual ficou igual em se falando de vendas ou locação. Os apartamentos foram os mais procurados, com 79% dos negócios fechados e as casas representaram 21%.
Foram consideradas as localizações, central, bairro de alto padrão e periferia, sendo a última a área de maior movimentação de vendas de casas de apartamentos, com 41,8% dos negócios fechados. As regiões centrais ficaram em segundo com 33,3% e nobre registrou 24,9%.
Apesar do percentual de vendas ter variado próximo da neutralidade, para o presidente do CreciSP, José Augusto Viana Neto, o resultado é muito positivo. “A alta é expressiva porque estamos passando por um momento de dificuldade em razão das altas taxas de juros e mesmo assim o mercado de imóveis usados continua crescendo. Crescer, diante de uma situação como essa, já é um resultado muito bom, por pequeno que seja. É muito importante que tenhamos esse mercado sempre com números positivos. Ao que tudo indica teremos um mercado crescente nos próximos meses”, avalia.

O ABC e a região metropolitana só perdem em desempenho de vendas para a Capital, segundo explica Viana Neto. “A Capital sai na frente, com aumento bem superior, um quadro positivo de 12,89%, seguido da região metropolitana, na ordem de 12,42%, já no interior tivemos uma queda de 4,43% e o pior desempenho foi o do litoral que teve queda de 11,12%. Acreditamos que a geração de emprego formal dará uma alavancagem forte no mercado imobiliário, principalmente na faixa de preço de até R$ 300 mil”, estima o presidente do conselho regional dos corretores.
Locações
Para o CreciSP, o resultado negativo das locações em fevereiro apenas consolida uma situação que já vinha sendo desenhada desde a pesquisa que contabilizou os dados de janeiro, que é a redução das locações ou mudança de inquilinos para endereços com aluguel mais barato, empurrando os locatários cada vez mais para regiões periféricas. De acordo com a pesquisa 47,6% mudou-se para um aluguel mais barato, 38,1% mudou-se sem dar justificativa e apenas 14,3% mudou para imóvel com aluguel mais caro.
“Nas locações a situação é muito difícil, os locatários passam por grande dificuldade. Quando as locações aumentam, é por falta de condições de pagamento do locatário no momento do reajuste contratual. Quando terminam os 30 meses e o proprietário pode pleitear um aumento acima do índice, os aumentos têm sido muito acima do índice e aí os locatários não aguentam pagar, entregam o imóvel, migram para a periferia da cidade e da periferia para as comunidades. Aquele imóvel vazio acaba alugado por um locatário de melhores condições”, explica Viana Neto.
O presidente do CreciSP não vislumbra melhorias para o setor de locação. “A locação é um mercado extremamente ruim para investidores, porque a lei brasileira privilegia demais os direitos do locatário em prejuízo do locador e com isso os investidores partem para outro tipo de negócio e o prejuízo é de quem precisa de imóvel para alugar. A lei da oferta e da procura acaba pressionando os preços para cima. Temos uma previsão de momentos ruins para quem depende de aluguel para morar. Vemos o Minha Casa Minha Vida vindo com força total e isso é bom, porque vai tirar muita gente do aluguel, mas o governo tem que pensar também daqueles que dependem da locação para poder morar. Nossa previsão não é de melhora em curto espaço de tempo”, conclui José Augusto Viana Neto.